sexta-feira, fevereiro 03, 2006

1001 noites

“Nesse momento da sua narrativa,
Sheherazade viu aparecer amanhã e discreta calou-se,
sem se aproveitar mais da permissão recebida.
Então sua irmã, Doniazad, disse:
-Ó minha irmã, como tuas palavras são doces, gentis e saborosas.
E Sheherazade respondeu:
-Mas elas não são verdadeiramente nada se comparadas
ao que contarei aos dois, na próxima noite, se contudo eu estiver
ainda viva, e se o Rei houver por bem me preservar!
E o Rei disse a si próprio:
-Por Alá! Eu não a matarei senão depois de ter ouvido
o resto do conto!
O Rei e Sheherazade passaram a noite enlaçados.
De manhã o rei saiu para presidir os negócios da justiça.
O vizir chegou, trazendo a mortalha destinada a sua filha
Sheherazade, que ele já acreditava morta.

Mas o Rei nada lhe disse sobre tal assunto e continuou a fazer
justiça, nomeando uns, destituindo outros, e isso até o fim do dia.
O vizir ficou perplexo e no auge do espanto.
Quando terminou o dia, o rei retornou ao palácio.”

Malba Tahan
imagem Yoko Ikeno

“Se a eloquência te escolhesse como pai, ela refloresceria!
E a ninguém mais, além de ti, ela poderia escolher.
Ó luminoso rosto cuja claridade embaçaria a chama de uma
brasa ardente!
Tuas altas acções te fizeram atingir os alcantis da glória
E tu és o bem amado do destino, que nada tem a recusar-te!”

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