Inevitavelmente... o amor...
"Inevitavelmente, voltamos sempre ao mesmo, o amor!...
Tudo já foi dito e redito, tudo já teve o seu direito e o seu avesso, no entanto, quando o dizemos de dentro é como se tudo num breve instante se esbatesse e reencontrássemos a voz primordial.
É assim com a pessoa amada, é assim em todas as canções de amor.
Claro que gostamos de finais felizes, claro que fazemos sentir a nossa falta, claro que nos irritamos, claro que projectamos na voz da pessoa amada os nossos mais secretos desejos...
Claro que nos desiludimos para voltarmos ao mesmo: o amor!
Atravessamos um deserto cego e frio e só depois de nos darmos conta; deixamos livros marcados para que o outro dê conta de nós, rasgamos a pele e a roupa para que, num desespero de carência, se ofereça o essencial... e, no entanto, só perante o amor avaliamos a nossa total fragilidade. É o suspenso momento de todas as indefinições, de todos os medos, de todas as dúvidas... mas, simultaneamente, o grande delta de toda a razão de ser, a grande casa inacabada."
João Monge
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