sábado, setembro 23, 2006

...

"E entre palavras delicadas e graças espirituosas, Sócrates ensinava a Fedro o desejo e a virtude. Falou-lhe do temor ardente que acomete o homem sensível quando os seus olhos vislumbram uma semelhança do belo eterno: falou-lhe da avidez do homem ímpio e vil, incapaz de pensar o belo ao ver a sua imagem, incapaz de veneração; falou do medo sagrado que invade o homem nobre quando contempla uma face divina , um corpo perfeito – como então estremece e sai fora de si, mal ousando olhar, e como venera aquele que é belo, sim como se ofereceria em sacrifício a este ídolo, se não receasse parecer ridículo aos olhos dos homens. Pois o belo apenas, Fedro, é amável e visível a um tempo; é a única forma de espírito, ouve bem!, que os nossos sentidos podem apreender, que os nossos sentidos podem suportar. Pois que seria de nós se o divino, a razão e a virtude e a verdade, se mostrassem em si aos nossos sentidos?(…)
O belo é assim o caminho do homem sensível para o espírito – só o caminho, um meio apenas, pequeno Fedro..."

in "Fedro", Platão

Etiquetas: