Fados...
"Nasce o dia na cidade, que me encanta
Na minha velha Lisboa, de outra vida
E com um nó de saudade, a garganta
Escuta um fado que se entoa à despedida…
E com um nó de saudade, a garganta
Escuta um fado que se entoa à despedida…
Foi nas tabernas de Alfama, em hora triste,
Que nasceu esta canção, o seu lamento
Na memória dos que vão tal como o vento,
O olhar de quem se ama e não desiste…
Na memória dos que vão tal como o vento,
O olhar de quem se ama e não desiste
Quando brilha a antiga chama ou sentimento,
Oiço este mar que ressoa enquanto canta
E Da Bica à Madragoa, num momento,
Volta sempre esta ansiedade da partida,
Nasce o dia na cidade que me encanta,
Da minha velha Lisboa de outra vida…
Quem vive só do passado sem motivo,
Fica preso a um destino que o invade,
Mas na alma deste fado, sempre vivo,
Cresce um canto cristalino, sem idade.
Mas na alma deste fado, sempre vivo,
Cresce um canto cristalino, sem idade.
É por isso que imagino, em liberdade,
Uma gaivota que voa, renascida,
E já nada me magoa ou desencanta
Nas ruas desta cidade amanhecida.
Mas com um nó de saudade na garganta
Escuto um fado que se entoa à despedida!"
Fernando Pinto do Amaral, cantado por Carlos do Carmo no filme Fados, de Carlos Saura (Prémio Goya para a Melhor Canção Original)
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