quarta-feira, março 22, 2006

Nasceu a Primavera...


O Rapto de Perséfone

Deméter (Ceres), deusa dos campos dourados, que trabalhava incessantemente junto aos homens, ensinando-lhes o plantio e a colheita de trigo, tinha uma filha chamada Perséfone (Proserpína), uma jovem virgem adolescente com os cabelos dourados como os raios de Sol. A sua mãe, Deméter, a incumbia de colher ramos de trigo num campo separado dos outros, preservando-a do contacto com os homens. No mundo subterrâneo habitava um deus chamado Hades (Plutão), senhor dos infernos e do mundo dos mortos. Numa de suas passagens pela superfície, Hades avista Perséfone nos campos de trigo e se apaixona imensamente por ela. Indo na sua direcção, agarra-a pelos cabelos e a coloca em sua carruagem negra puxada por cavalos negros que soltavam chamas verdes das ventas. A terra se abre num terremoto e Hades rapta Perséfone, levando-a ao seu reino nas profundezas.
Lá, amarrando-a em sua cama, a estupra dezenas de vezes. Na superfície, ao fim de mais um dia de trabalho, Deméter percebe o desaparecimento de sua filha e, desesperada gritava seu nome pelos campos. Depois de nove dias e nove noites, desiludida e cheia de dor, Deméter torna-se estéril e a vegetação sob seu domínio responde da mesma maneira, tornando a terra infértil e árida, trazendo a fome e a desolação aos homens. No Olimpo, Zeus (Júpiter), irmão de Hades, que tinha assistido a tudo, resolve intervir, chamando Hermes (Mercúrio) para ir até as profundezas para convencer Hades a libertar Perséfone. Somente ele tinha condições de entrar nos infernos por possuir a palavra sagrada impronunciável que abria os portais do mundo dos mortos. Sendo o deus da palavra, um dia conseguiu escutar a senha e a repetir, tendo livre acesso ao reino de Hades. Indo até lá e encontrando Hades, surpreende-se. Ao tentar convencê-lo a libertar Perséfone, Hades diz que ele poderia levá-la a qualquer instante.
A surpresa maior foi pelo facto de que Perséfone se recusar a voltar à superfície. Após ter conhecido o prazer e ter se sentido fértil, conhecendo os frutos da romãzeira dados por seu esposo Hades, que a deixara uma mulher exuberante e madura, negava-se a sair de lá, local onde tinha se transformado e tido contacto com o outro lado da vida e se apaixonado por seu amo e senhor. Hermes leva a questão a Zeus, que percebendo não poder interferir nas questões do amor entre ela e seu irmão, profere uma sábia sentença : Perséfone não se separaria de Hades, que tanto amava, mas não poderia deixar sua mãe que, triste, não permitia a terra produzir alimento aos homens. Decide então que ela passaria nove meses na superfície, junto a sua mãe Deméter, período de florescência, maturação e colheita. No período invernal, nos três meses seguintes, enquanto a terra dormia, passaria em companhia de seu esposo Hades. Perséfone deveria realizar este serviço imposto, tomando consciência de que serviria ao esposo, dando-lhe prazer e recebendo amor, mas que também serviria à terra, à mãe e à natureza.

Assim nascem as estações do ano pela mitologia Greco-Romana.

imagem: Primavera, Sandro Botticelli, 1482

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