quarta-feira, março 29, 2006

Reflexões...

"Tao era no princípio o Inominado;
Tao era a Virtualidade, a Via, a Norma de todo o vir-a-ser.
Forma sem forma, imagem sem imagem,
Tao incriado, era das formas e das imagens a Possibilidade.
Quem O olhasse não O veria; alguém que O escutasse não O ouviria.
Ele é, nas paragens ignotas do mistério, a Confusão!
É o não-Ser, o nada-Positivo, a Origem, a Razão e a Verdade.
Ponto incoactivo do porvir, da existência a Condição.
Para além do tempo, Tao é Virtualidade,
Para os seres, nos tempos, é a Virtude, o Mistério dos mistérios!
Tao é o Nada e a Existência, é vivido sonho no meio da ilusão,
De Yin-Yang modelado pela norma eterna e universal.
É a ilusão palpável e viva, é a ilusão sentida;
É do Tudo e do Nada a realidade;
É o não-Ser em ser, o Nada em vida!
Tao é vácuo, omnipotente e omnipresente,
É a forma e a vida que tomaram céu e terra,
E tudo quanto este binómio encerra:
Forma fugaz, ilusória e impermanente;
Vida de sonho, transitória e irreal;
Aspectos vãos de Yin-Yang alternantes, dando aos seres
Reflexos fugitivos, de Existência efectiva e nominal!
Tudo é Tao e tudo é um na evolução universal.
Nenhum ente senão Tao sustem a vida.
Vede a terra e os astros, o raio e a luz, a tempestade e a aurora,
Tudo o que vai pela existência fora, como em uma alma só se continua!
Essa alma é Tao, a alma universal;
Da vida a eterna fonte, una na essência e múltipla na aparência
Das formas vãs em que se gera o Mal.
Tao bom, liberal, benemérito, como a água,
Humilde se conforma a toda a posição e toda a forma.
Tao, é dos seres o grande senhor.
Ele é a eterna norma, a luz da vida consumada,
É o mar e o navegante;
Tao é vida e também o viandante,
Tao é Tudo e também a expressão do Nada."

Lao Tze, extracto de "Tao Teh Jing"

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