domingo, fevereiro 12, 2006

Gosto quando te calas...

Gosto quando te calas porque estas como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estao cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estas como distante.
E estas como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz nao te alcanca:
Deixa-me que me cale com o silencio teu.

Deixa-me que te fale tambem com o teu silencio
claro como uma lampada, simples como um anel.
Es como a noite, calada e constelada.
Teu silencio e de estrela, tão longinquo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estas como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda

Etiquetas: