sexta-feira, abril 28, 2006

Destino da Semana...



Porto
É para onde vou este fimde semana... Volto dia 2/Maio!!

Etiquetas:

The Temptation of St. Anthony...

Salvador Dali

Etiquetas:

Se tudo quanto cresce...

"Se tudo quanto cresce (eu fico a meditar)
Apenas um momento alcança a perfeição;
Se os astros vêm, com influência oculta, comentar
As meras peças que no mundo tem acção;

Se os homens sei que como as plantas arborescem
E o céu que lhes dá aplauso é o céu que os vem variar:
Gloriam-se de seiva e no ápice decrescem,
Para afinal esse auge esplêndido olvidar;

Então, pensando nessa instável permanência,
Mais jovem eu te vejo, amor, à minha frente,
Embora queria o Tempo, ouvindo a Decadência,

Mudar teu jovem dia em noite deslizante.
E, por amor de ti, em guerra o tempo enfrento:
Quanto ele em ti suprime, é quanto te acrescento."

William Shakespeare

Etiquetas:

Para atravessar contigo o deserto do mundo...

"Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento."

Sophia de Mello Breyner Andresen

Etiquetas:

Desejo de Pintar...

"Desgraçado o homem, mas feliz o artista a quem o desejo dilacera. Anseio por pintar aquela que me apareceu de surdina e tão depressa fugiu, como algo belo que com pena deixa para trás o viajante a mergulhar na noite. Há quanto tempo ela desapareceu!
Ela é bonita, é mais que bonita: ela é surpreendente. Nela o negro prevalece; e tudo o que ela inspira é nocturno e profundo. Os seus olhos são dois antros onde cintila vagamente o mistério, e o seu olhar ilumina como o relâmpago; é uma explosão nas trevas.
Compará-la-ia a um sol negro, se pudéssemos conceber um astro negro derramando luz e felicidade. Mas ela faz pensar mais na lua, que sem dúvida a marcou com a sua temível influência; não a lua branca dos ídolos, que se parece com uma recém-casada, mas a lua sinistra e inebriante, suspensa lá no fundo duma noite tempestuosa e transtornada pelas nuvens que correm; não a Lua sossegada e discreta que visita o sono dos homens puros, mas a Lua arrancada do céu, vencida e revoltada, que as feiticeiras tessálicas constrangem duramente a dançar sobre a erva terrificada!
Na sua presente fronte habitam a vontade tenaz e o amor da presa. No entanto, por baixo dessa face inquietante, onde narinas móveis aspiram o desconhecido e o impossível, estoira, com uma graça inexprimível, o riso de uma grande e deliciosa boca vermelha e branca, que faz sonhar com o milagre de uma soberba flor, nascida num terreno vulcânico.
Há mulheres que inspiram o desejo de vencer ou de as gozar; mas esta provoca o desejo de morrer lentamente sob o seu olhar."

Charles Baudelaire

Etiquetas:

quinta-feira, abril 27, 2006

Hoje sinto-me assim...

Monica Bellucci
caladinha e com uma vontade de dolce fare niente... ai ai...

Etiquetas:

L'amour n'est rien...

"L'amour, c'est rien !
Quand c'est politiquement correct
On s'aime bien
On n' sait même pas quand on se blesse
L'amour c'est rien
Quand tout est sexuellement correct
On s'ennuie bien
On crie avant pour qu' ça s'arrête
La vie n'est rien...
Quand elle est tiède !
Elle se consume et vous bascule
Le sang en cendres de cigarette
La vie est bien...
Elle est de miel !
Quand elle s'acide de dynamite
Qui m'aime me suive!

Obsédée du pire
Et pas très prolixe
Mes moindres soupirs
Se métaphysiquent...
J'ai dans la tête
Des tonnes de pirouettes
Le saut de l'ange
N'a pour moi rien d'étrange

Obsédée du pire
Et pas très prolixe
Partager mes rires
Plutôt plutoniques
J'ai dans ma sphère
Un effet de serre
Mon sang bouillonne
Je bous de tout, en somme"

Myléne Farmer

Etiquetas:

Em busca do amor...

"O meu Destino disse-me a chorar:
"Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar."

Fui pela estrada a rir e a cantar,
As contas do meu sonho desfiando...
E noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando...

Mesmo a um velho eu perguntei: "Velhinho,
Viste o Amor acaso em teu caminho?"
E o velho estremeceu... olhou... e riu...

Agora pela estrada, já cansados,
Voltam todos p'ra trás desanimados...
E eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!..."

Florbela Espanca

Etiquetas:

Hips Don't Lie...

"Ladies up in here tonight
No fighting, no fighting
We got the refugees up in here
No fighting, no fighting
Shakira, Shakira

I never really knew that she could dance like this
She makes a man wants to speak Spanish
Como se llama, bonita, mi casa, su casa
Shakira, Shakira

Oh baby when you talk like that
You make a woman go mad
So be wise and keep on
Reading the signs of my body

And I'm on tonight
You know my hips don't lie
And I'm starting to feel it's right
All the attraction, the tension
Don't you see baby, this is perfection

Hey Girl, I can see your body moving
And it's driving me crazy
And I didn't have the slightest idea
Until I saw you dancing

And when you walk up on the dance floor
Nobody cannot ignore the way you move your body, girl
And everything so unexpected - the way you right and left it
So you can keep on taking it

I never really knew that she could dance like this
She makes a man want to speak Spanish
Como se llama, bonita, mi casa, su casa
Shakira, Shakira

Oh baby when you talk like that
You make a woman go mad
So be wise and keep on
Reading the signs of my body

And I'm on tonight
You know my hips don't lie
And I am starting to feel you boy
Come on lets go, real slow
Don't you see baby asi es perfecto

Oh I know I am on tonight my hips don't lie
And I am starting to feel it's right
All the attraction, the tension
Don't you see baby, this is perfection
Shakira, Shakira

Oh boy, I can see your body moving
Half animal, half man
I don't, don't really know what I'm doing
But you seem to have a plan
My will and self restraint
Have come to fail now, fail now
See, I am doing what I can, but I can't so you know
That's a bit too hard to explain

Baila en la calle de noche
Baila en la calle de día

I never really knew that she could dance like this
She makes a man want to speak Spanish
Como se llama, bonita, mi casa, su casa
Shakira, Shakira

Oh baby when you talk like that
You know you got me hypnotized
So be wise and keep on
Reading the signs of my body

Senorita, feel the conga, let me see you move like you come from
Colombia

Mira en Barranquilla se baila así, say it!
Mira en Barranquilla se baila así

Yeah
She's so sexy every man's fantasy a refugee like me back with
the Fugees from a 3rd world country
I go back like when 'pac carried crates for Humpty Humpty
I need a whole club dizzy
Why the CIA wanna watch us?
Colombians and Haitians
I ain't guilty, it's a musical transaction
No more do we snatch ropes
Refugees run the seas 'cause we own our own boats

I'm on tonight, my hips don't lie
And I'm starting to feel you boy
Come on let's go, real slow
Baby, like this is perfecto

Oh, you know I am on tonight and my hips don't lie
And I am starting to feel it's right
The attraction, the tension
Baby, like this is perfection

No fighting"

Shakira feat Wycleff Jean

Etiquetas:

quarta-feira, abril 26, 2006

...

"Nós nos transformamos naquilo que praticamos com frequência.
A perfeição, portanto, não é um acto isolado.
É um hábito".

Aristóteles

Etiquetas:

Destino da Semana...



Amesterdão, Holanda

Etiquetas:

French Creek...

Martin Scerri

Etiquetas:

Ser ou não ser...

"Ser ou não ser – eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer – dormir
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem aguentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte –
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
E empreitadas de vigor e coragem,
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de acção."

William Shakespeare

Etiquetas:

E depois do adeus...

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Jorge Niza

Etiquetas:

segunda-feira, abril 24, 2006

Portrait of Cecilia Gallerani...

Lady with an Ermine
Leonardo Da Vinci

Etiquetas:

Vem noite antiquíssima e idêntica...

"Vem noite antiquíssima e idêntica,
Noite rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas,
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Fazes da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo,
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde escuro ao longe,
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora,
Na distância subitamente impossível de percorrer."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Beleza...

"Oh como mais bela a beleza torna-se
Quando tem o doce ornamento da verdade!
A rosa é bela, mas mais bela a vemos
Pelo doce aroma que nela habita.

As rosas silvestres têm a mesma cor
Que as doces rosas perfumadas,
Os mesmos espinhos, a mesma volúpia
Quando o ar do verão expõe os botões escondidos;

Mas como têm na aparência a única virtude,
Elas vivem esquecidas e murcham obscuras,
Sozinhas morrem. As doces rosas não;

De sua doces mortes nascem os mais doces perfumes.
Assim também de ti, bela e amável jovem.
Favorecido o frescor, tua verdade em meu verso persiste."

William Shakespeare

Etiquetas:

domingo, abril 23, 2006

Dia Mundial do Livro...

"1
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta."
Luís de Camões

Etiquetas: ,

Tree revisited...

foto: Eric Alper

Etiquetas:

O meu olhar...

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."

Alberto Caeiro

Etiquetas:

Landscape...

Kaiser Mountains, Springtime Early morning, close to Lake Walchsee, Tirol, Austria
Foto: Peter Weimann

Etiquetas:

sábado, abril 22, 2006

Hoje sinto-me assim...

Keira Knightley
Vai ser a bombar... outra noite seguida!! Lá vamos nós para a Horta da Fonte...

Etiquetas:

Tu...

"Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de setembro, quando a luz é perfeita e mais doirada, e há uma fonte crescendo no silêncio da boca mais sombria e mais fechada."

Eugénio de Andrade.

Etiquetas:

Noite eterna...

"Alta noite, os planetas argentados
Deslizam um olhar macio e vago
Nos seus olhos de pranto marejados
E nas águas mansíssimas do lago.
Pudesse eu ser a lua, a lua terna.
E faria que a noite fosse eterna."

Cesário Verde.

Etiquetas:

Ah, diz-me a verdade acerca do amor...

"Há quem diga que o amor é um rapazinho,
E quem diga que ele é um pássaro;
Há quem diga que faz o mundo girar,
E quem diga que é um absurdo,
E quando perguntei ao meu vizinho,
Que tinha ar de quem sabia,
A sua mulher zangou-se mesmo muito,
E disse que isso não servia para nada.

Será parecido com uns pijamas,
Ou com o presunto num hotel de abstinência?
O seu odor faz lembrar o dos lamas,
Ou tem um cheiro agradável?
É áspero ao tacto como uma sebe espinhosa
Ou é fofo como um edredão de penas?
É cortante ou muito polido nos seus bordos?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Os nossos livros de história fazem-lhe referências
Em curtas notas crípticas,
É um assunto de conversa muito vulgar
Nos transatlânticos;
Descobri que o assunto era mencionado
Em relatos de suicidas,
E até o vi escrevinhado
Nas costas dos guias ferroviários.

Uiva como um cão de Alsácia esfomeado,
Ou ribomba como uma banda militar?
Poderá alguém fazer uma imitação perfeita
Com um serrote ou um Steinway de concerto?
O seu canto é estrondoso nas festas?
Ou gosta apenas de música clássica?
Interrompe-se quando queremos estar sossegados?
Ah! diz-me a verdade acerca do amor.

Espreitei a casa de verão,
E não estava lá,
Tentei o Tamisa em Maidenhead
E o ar tonificante de Brighton,
Não sei o que cantava o melro,
Ou o que a tulipa dizia;
Mas não estava na capoeira,
Nem debaixo da cama.

Fará esgares extraordinários?
Enjoa sempre num baloiço?
Passa todo o seu tempo nas corridas?
Ou a tocar violino em pedaços de cordel?
Tem ideias próprias sobre o dinheiro?
Pensa ser o patriotismo suficiente?
As suas histórias são vulgares mas divertidas?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

Chega sem avisar no instante
Em que meto o dedo no nariz?
Virá bater-me à porta de manhã,
Ou pisar-me os pés no autocarro?
Virá como uma súbita mudança de tempo?
O seu acolhimento será rude ou delicado?
Virá alterar toda a minha vida?
Ah, diz-me a verdade acerca do amor."

W.H. Auden

Etiquetas:

sexta-feira, abril 21, 2006

Por entre as oliveiras vem a Penélope...

"Por entre as oliveiras vem a Penélope
com os cabelos apanhados à trouxe mouxe
e uma saia comprada no mercado
azul marinho com florinhas brancas.
Explica-nos que não foi por dedicação
à ideia "Ulisses"
que deixou os pretendentes durante anos
a esperar na antecâmara
dos misteriosos hábitos do seu corpo.
Ali no palácio da ilha
com os horizontes fictícios
de um doce amor
e o pássaro à janela
a captar apenas isto, o infinito,
ela pintou com as cores da natureza
o retrato de Eros.
Sentado, de perna traçada,
segurando uma chávena de café
matinal, um pouco macambúzio, um pouco sorridente,
a sair quente dos edredões do sono.
A sombra dele na parede
marca deixada por um móvel há pouco retirado
sangue de antigo assassínio
aparição solitária do Karanguiózi
na tela, e por trás dele sempre a dor.
Inseparáveis o amor e a dor
como o balde e o menino na praia
o ah! e um cristal que se escapa das mãos
a mosca verde e o animal morto
a terra e a pá
o corpo nu e o lençol de Julho.

E a Penélope, que ouve agora
a música sugestiva do medo
a bateria da renúncia
o doce canto de um dia sereno
sem bruscas mudanças de tempo e tom
os complexos acordes
de uma infinda gratidão
por tudo o que não aconteceu, não se disse, não se diz,
acena que não, não, não a outro amor
não mais palavras e sussurros
abraços e dentadinhas
vozinhas na escuridão
cheiros de corpo que arde à luz.
A dor era o pretendente mais excelente
e fechou-lhe a porta."

Katerina Angheláki-Rooke

Etiquetas:

A Vénus de Urbino...

Ticiano

Etiquetas:

As Palavras...

"As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas."

Eugénio de Andrade

Etiquetas:

Beleza...

"Beleza é uma questão de atitude.
Não há mulheres feias - apenas mulheres que não se cuidam ou que não acreditam ser atraentes."

Estée Lauder

Etiquetas:

quinta-feira, abril 20, 2006

Joan Miró...

Joan Miró (20 de Abril,1893 – 25 Dezembro 1983) nasceu em Barcelona, foi pintor, escultor e ceramista.

"As a young man, Miró was drawn towards the arts community that was gathering in Montparnasse and in 1920 moved to Paris. There, under the influence of Surrealist poets and writers, he developed his unique style: organic forms and flattened picture planes drawn with a sharp line. Generally thought of as a Surrealist because of his interest in automatism and the use of sexual symbols (for example, ovoids with wavy lines emanating from them), Miró’s style was influenced in varying degrees by Surrealism and Dada, yet he rejected membership to any artistic movement in the interwar European years. André Breton, the founder of Surrealism, described him as "the most Surrealist of us all." Breton was known for his affinity to automatism and promoted using starvation, lack of sleep, and drugs for inducing hallucinogenic states conducive to create art that reveals the subconscious. Miró confessed to creating one of his most famous works, Harlequin's Carnival, while hallucinating due to a lack of food and drink.
(...)
In an interview with biographer Walter Erben, Miró expressed his dislike for art critics, saying, they "are more concerned with being philosophers than anything else. They form a preconceived opinion, then they look at the work of art. Painting merely serves as a cloak in which to wrap their emaciated philosophical systems."

Etiquetas:

Hoje sinto-me assim...

Hoje sou dona de casa... mas estou mais desesperada!!
Oh santa desarrumação... é o verdadeiro panico...

Etiquetas:

...

"Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada trespassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com o meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti-própria."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

...

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do Mundo e que posso evitar que ela vá á falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar um autor da própria historia.
É atravessar desertos fora de si mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo miagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não.
É ter seguranças para receber uma crtitica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa
foto: autor desconhecido

Etiquetas: ,

Brincas todos os dias com a luz do Universo...

"Brincas todos os dias com a luz do Universo.
Sutil visitadora, chegas na flor e na água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
como um cacho entre as mão todos os dias.

Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
Quem escreve o teu nome com letras de fumo entre as estrelas do sul?
Ah, deixa-me lembrar como eras então, quando ainda não existias.

Subitamente o vento uiva e bate à minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm soprar todos os ventos, todos.
Aqui despe-se a chuva.

Passam fugindo os pássaros.
O vento. O vento.
Eu só posso lutar contra a força dos homens.
O temporal amontoa folhas escuras
e solta todos os barcos que esta noite amarraram ao céu.

Tu estás aqui. Ah tu não foges.
Tu responder-me-às até ao último grito.
Enrola-te a meu lado como se tivesses medo.
Porém mais que uma vez correu uma sombra estranha pelos teus olhos.

Agora, agora também pequena, trazes-me madressilva,
e tens até os seios perfumados.
Enquanto o vento triste galopa matando borboletas
eu amo-te, e a minha alegria morde a tua boca de ameixa.

O que te haverá doído acostumares-te a mim,
à minha alma selvagem e só, ao meu nome que todos escorraçam.
Vimos arder tantas vezes a estrela d'alva beijando-nos os olhos
e sobre as nossas cabeças destorcem-se os crepúsculos em leques
rodoiantes.

As minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te.
Amei desde há que tempo o teu corpo de nácar moreno.
Creio-te mesmo dona do Universo.
Vou trazer-te das montanhas flores alegres, "copihues",
avelãs escuras, e cestos silvestres de beijos.

Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras."

Pablo Neruda

Etiquetas:

quarta-feira, abril 19, 2006

Landscape...

autor: desconhecido

Etiquetas:

I am the escaped one...

"I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul
Never finds me."

Fernando Pessoa

Etiquetas:

Creio...

"Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,

creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. amém."

Natália Correia

Etiquetas:

...

"Eu sou do tamanho que vejo... e não do tamanho da minha altura."

Fernando Pessoa

Etiquetas:

Folhas de Rosa...


"Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume de outrora
Flutua em volta delas, docemente...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mais fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia..."

Florbela Espanca

Etiquetas: ,

terça-feira, abril 18, 2006

...

"Se o meu amor e nada me pertencesse, e fosse simplesmente a tua pessoa, não como coisa que se sente, mas como alguém que se tem a alegria de saber que existe, julgas tu que eu ficaria aqui fechado, andando com palavras à pancada com a triteza que não ouve e não fala, mas se faz compreender e aceitar por mim, com a violência calada da certeza do que não pode mudar, nem afastar-se, nem morrer antes de morrer a pessoa com quem se mora e se demora, achando-se essa tristeza pouca, pelo menos não mais pouca do que a vida."

Miguel Esteves Cardoso

Etiquetas:

Always look on the bright side of life...

Pecado da comunicação?

Quanto tempo dedica a ver televisão, ler jornais ou a navegar na Internet? E quanto tempo investe a meditar e a ler a Sagrada Escritura? A resposta ajuda a decidir se tem ou não a confessar pecados considerados novos pela Igreja católica. Ao excesso de velocidade ou à fuga aos impostos acrescentam-se agora pecados ligados às novas tecnologias, à televisão, aos jornais.
Foi o que explicou na terça-feira, na Basílica de São Pedro, o cardeal norte-americano James Francis Stafford, o penitenciário-mor do Vaticano. Fê-lo durante o Rito da Reconciliação, uma cerimónia que era tradicional em Roma até ao Renascimento e que agora a Santa Sé recupera. Os penitentes aproveitam para se confessar, reanimando uma prática em queda.
Ler a Bíblia é uma actividade que requer tempo e que hoje a Igreja Católica aconselha em substituição de qualquer outra penitência mais tradicionalista.
Na homilia da celebração, o cardeal norte-americano falou ainda do perdão.
Falou sobre se é possível perdoar crimes como a violência contra crianças ou os assassinatos em massa de inocentes e disse que "a escuridão do pecado não poderá apagar nunca a luz da misericórdia divina."

http://sic.sapo.pt/

Etiquetas:

Um excerto do início da história, em que a Bela Adormecida depois de acordada, vive como escrava sexual em reinos distantes...

"But it was true, this old tale. And, fearless as before, he went in search of the Sleeping Beauty who must be at the core of it. In the topmost bedchamber of the house he found her. He had stepped over sleeping chambermaids and valets, and, breathing the dust and damp of the place, he finally stood in the door of her sanctuary. Her flaxen hair lay long and straight over the deep green velvet of her bed, and her dress in loose folds revealed the rounded breasts and limbs of a young woman. Her face was perfect to him, and her embroidered gown had fallen deep into the crease between her legs so that he could see the shape of her sex beneath it. He drew out his sword, with which he had cut back the vines outside, and gently slipping the blade between her breasts, let it rip easily through the old fabric. Her dress was laid open to the hem, and he folded it back and looked at her. Her nipples were a rosy pink as were her lips, and the hair between her legs was darkly yellow and curlier than the long straight hair of her head which covered her arms almost down to her hips on either side of her. He cut the sleeves away, lifting her ever so gently to free the cloth, and the weight of her hair seemed to pull her head down over his arms, and her mouth opened just a little wider. He put his sword to one side. He removed his heavy armor. And then he lifted her again, his left arm under her shoulders, his right hand between her legs, his thumb on top of her pubis. She made no sound; but if a person could moan silently, then she made such a moan with her whole attitude. Her head fell towards him, and he felt the hot moisture against his right hand, and laying her down again, he cupped both of her breasts, and sucked gently on one and then the other. They were plump and firm, these breasts. She’d been fifteen when the curse struck her. And he bit at her nipples, moving the breasts almost roughly so as to feel their weight, and then lightly he slapped them back and forth, delighting in this.
His desire had been hard and almost painful to him when he had come into the room, and now it was urging him almost mercilessly. He mounted her, parting her legs, giving the white inner flesh of her thighs a soft, deep pinch, and, clasping her right breast in his left hand, he thrust his sex into her. He was holding her up as he did this, to gather her mouth to him, and as he broke through her innocence, he opened her mouth with his tongue and pinched her breast sharply. He sucked on her lips, he drew the life out of her into himself, and feeling his seed explode within her, heard her cry out.
And then her blue eyes opened.
Beauty!” he whispered to her.”

in "The Claiming of Sleeping Beauty", Anne Rice

Etiquetas:

segunda-feira, abril 17, 2006

De repente deu vontade de um abraço...

De repente deu vontade de um abraço.
Uma vontade de entrelaço, de proximidade...
De amizade, sei lá...
Talvez um aconchego que enfatize a vida
E amenize as dores...
Que fale sobre os amores
Que seja teimoso e ao mesmo tempo forte.
Deu vontade de poder rever saudade de um abraço
Um abraço que eternize o tempo
E preencha todo o espaço
Mas que faça lembrar do carinho, que surge devagarzinho
Da magia da união dos corpos, das auras...sei lá...
Lembrar do calor das mãos acariciando as costas
A dizer..." estou aqui."
Lembrar do trançar dos braços envolventes e seguros
Afirmando " estou com voçê"
Lembrar da transfusão de forças com a suavidade do momento ... sei lá...
Abraço... abraço... abraço... abraço... abraço... abraço
O que importa é a magia desse abraço!
A fusão de energia que harmoniza,
Integra tudo, e que se traduz no cosmo, no tempo e no espaço
Só sei que agora deu vontade desse abraço!!!!!!!!
Que afaste toda e qualquer angustia.
Que desperte a lágrima da alegria, e acalme o coração
Que traduza a amizade, o amor e a emoção
E para um abraço assim só pude pensar em voçê.......
Nessa sua energia, nessa sua sensibilidade
Que sabe entender o porquê...
Dessa vontade desse abraço."

Vinicius de Morais

Etiquetas:

É assim que te quero, amor...

"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro."

Pablo Neruda

Etiquetas:

Hoje acordei assim...

Kate Moss

Etiquetas:

domingo, abril 16, 2006

Aproveitar o tempo...

"Aproveitar o tempo!
Mas o que é o tempo, que eu o aproveite?
Aproveitar o tempo!
Nenhum dia sem linha...
O trabalho honesto e superior...
O trabalho à Virgílio, à Mílton...
Mas é tão difícil ser honesto ou superior!
É tão pouco provável ser Milton ou ser Virgílio!

Aproveitar o tempo!
Tirar da alma os bocados precisos - nem mais nem menos -
Para com eles juntar os cubos ajustados
Que fazem gravuras certas na história
(E estão certas também do lado de baixo que se não vê)...
Pôr as sensações em castelo de cartas, pobre China dos serões,
E os pensamentos em dominó, igual contra igual,
E a vontade em carambola difícil.
Imagens de jogos ou de paciências ou de passatempos -
Imagens da vida, imagens das vidas. Imagens da Vida.

Verbalismo...
Sim, verbalismo...
Aproveitar o tempo!
Não ter um minuto que o exame de consciência desconheça...
Não ter um acto indefinido nem factício...

Não ter um movimento desconforme com propósitos...
Boas maneiras da alma...
Elegância de persistir...

Aproveitar o tempo!
Meu coração está cansado como mendigo verdadeiro.
Meu cérebro está pronto como um fardo posto ao canto.
Meu canto (verbalismo!) está tal como está e é triste.
Aproveitar o tempo!
Desde que comecei a escrever passaram cinco minutos.
Aproveitei-os ou não?
Se não sei se os aproveitei, que saberei de outros minutos?!

(Passageira que viajaras tantas vezes no mesmo compartimento comigo
No comboio suburbano,
Chegaste a interessar-te por mim?
Aproveitei o tempo olhando para ti?
Qual foi o ritmo do nosso sossego no comboio andante?
Qual foi o entendimento que não chegámos a ter?
Qual foi a vida que houve nisto? Que foi isto a vida?)

Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!...
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Recordação...

"O frio especial das manhãs de viagem,
A angústia da partida, carnal no arrepanhar
Que vai do coração à pele,
Que chora virtualmente embora alegre."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Feliz Páscoa...

Etiquetas:

sábado, abril 15, 2006

Hoje sinto-me assim...

Valeria Mazza
É que nem tou aí... aaaaahhh!!!

Etiquetas:

Let not my love be called idolatry...

"Let not my love be called idolatry,
Nor my beloved as an idol show,
Since all alike my songs and praises be
To one, of one, still such, and ever so.
Kind is my love today, tomorrow kind,
Still constant in a wondrous excellence;
Therefore my verse to constancy confined,
One thing expressing, leaves out difference.
"Fair, kind, and true" is all my argument,
"Fair, kind, and true" varying to other words;
And in this change is my invention spent,
Three themes in one, which wondrous scope affords.

Fair, kind, and true, have often lived alone.
Which three till now never kept seat in one."

William Shakespeare

Etiquetas:

Bridge Stone...

Tony Hnojcik

Etiquetas:

Ai ai ai...

"Se você quiser eu vou te dar um amor
Desses de cinema
Não vai te faltar carinho,
Plano ou assunto ao longo do dia

Se você quiser eu largo tudo
E vou pro mundo com você, meu bem
Nessa nossa estrada
Só terá belas praias e cachoeiras

Aonde o vento é brisa
Onde não haja quem possa
Com a nossa felicidade
Vamos brindar a vida meu bem
Aonde o vento é brisa
E o céu claro de estrelas
O que a gente precisa
É tomar um banho de chuva,
um banho de chuva."

"Ai, ai ,ai" Vanessa da Mata

Etiquetas:

sexta-feira, abril 14, 2006

Ecce Homo...

Antonio Ciseri

Etiquetas:

Ecce Homo...

"Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.

Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.

Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,

Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos."

José Carlos Ary dos Santos

Etiquetas:

quinta-feira, abril 13, 2006

Nascimento de Venus...

Sandro Botticelli

Etiquetas:

Transforma-se o amador na cousa amada...

"Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma."

Luís Vaz de Camões

Etiquetas:

Fontes de mel nuns olhos de gueixa...

"Fontes de mel
Nuns olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás
Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal
Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz"

"Você é Linda", Caetano Veloso

Etiquetas:

A Princesa e a Ervilha...

“Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa — mas tinha de ser uma princesa verdadeira. Por isso, foi viajar pelo mundo fora para encontrar uma, mas havia sempre qualquer coisa que não estava certa. Viu muitas princesas, mas nunca tinha a certeza de serem genuínas; havia sempre qualquer coisa, isto ou aquilo, que não parecia estar como devia ser.
Por fim, regressou a casa, muito abatido, porque queria uma princesa verdadeira.
Uma noite houve uma terrível tempestade; os trovões ribombavam, os raios rasgavam o céu e a chuva caía em torrentes — era apavorante. No meio disso tudo, alguém bateu à porta e o velho rei foi abrir. Deparou com uma princesa.
Mas, Meu Deus! O estado em que ela estava! A água escorria-lhe pelos cabelos e pela roupa e saía pelas biqueiras e pela parte de trás dos sapatos. No entanto, ela afirmou que era uma princesa de verdade.

— Bem, já vamos ver isso — pensou a velha rainha. Não disse uma palavra, mas foi ao quarto de hóspedes, desmanchou a cama toda e pôs uma pequena ervilha no colchão. Depois empilhou mais vinte colchões e vinte cobertores por cima. A princesa iria dormir nessa cama.

De manhã, perguntaram-lhe se tinha dormido bem.

— Oh, pessimamente! Não preguei olho em toda a noite! Só Deus sabe o que havia na cama, mas senti uma coisa dura que me encheu de nódoas negras. Foi horrível.

Então ficaram com a certeza de terem encontrado uma princesa verdadeira, pois ela tinha sentido a ervilha através de vinte edredões e vinte colchões. Só uma princesa verdadeira podia ser tão sensível. O príncipe casou com ela, já não precisava de procurar mais.
A ervilha foi para o museu; podem ir lá vê-la, se é que ninguém a tirou.
Aqui têm uma bela história!”

Hans Christian Andersen

Etiquetas: ,

Caminhos...

Foto: Autor desconhecido

Etiquetas:

quarta-feira, abril 12, 2006

Quase...

"Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser – quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que, desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém..."

Mário Sá Carneiro

Etiquetas:

Magnificat...

"Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia !"

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Danae...

Gustav Klimt

Etiquetas:

terça-feira, abril 11, 2006

Maravilhas...

"Não há maior maravilha do que percorrer
as alturas estreladas, abandonar as lúgubres regiões da terra,
cavalgar as nuvens, subir aos ombros de Atlas,
e ver muito distantes, lá em baixo, as pequenas figuras
que vagueiam e erram, desprovidas de razão,
inquietas, no temor da morte, e aconselhá-las, e fazer do destino um livro aberto."

in “Metamorfoses”, Ovídio

Etiquetas:

O maestro sacode a batuta...

"O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe...
Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...
Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...
Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do meu quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...
Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás da minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há àrvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...
E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo..."

in "Chuva Obliqua", Fernando Pessoa

Etiquetas:

Magdalen with the Smoking Flame...

George de La Tour

Etiquetas:

O amor...

"Pois que a beber me deste em taça transbordante,
e a fronte no teu colo eu tenho reclinado,
e respirei da tu'alma o hábito inebriante,
- Misterioso perfume à sombra derramado;

Visto que te escutei tanto segredo, tanto!
Que vem do coração, dos íntimos refolhos,
e tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,
- A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos;

Pois que um raio senti do teu astro, querida,
Dissipar-me da fronte as densas brumas frias,
desde que vi cair na onda da minha vida
a pétala de rosa arrancada aos teus dias...

Possa agora dizer ao tempo em seus rigores:
- Não envelheço, não! podeis correr, sem calma,
levando na torrente as vossas murchas flores;
ninguém há de colher a flor que eu tenha n'alma!

Podeis com a asa bater, tentando, sem efeito,
a taça derramar em que me dessedento:
Do que cinzas em vós há mais fogo em meu peito;
e, em mim, há mais amor que em vós esquecimento!"

Victor Hugo

Etiquetas:

segunda-feira, abril 10, 2006

Simbolos? Estou farto de simbolos...

"Símbolos? Estou farto de símbolos...
Mas dizem-me que tudo é símbolo,
Todos me dizem nada.
Quais símbolos? Sonhos.
Que o sol seja um símbolo, está bem...
Que a lua seja um símbolo, está bem...
Que a terra seja um símbolo, está bem...
Mas quem repara no sol senão quando a chuva cessa,
E ele rompe as nuvens e aponta para trás das costas,
Para o azul do céu?
Mas quem repara na lua senão para achar
Bela a luz que ela espalha, e não bem ela?
Mas quem repara na terra, que é o que pisa?
Chama terra aos campos, às árvores, aos montes,
Por uma diminuição instintiva,
Porque o mar também é terra...
Bem, vá, que tudo isso seja símbolo...
Mas que símbolo é, não o sol, não a lua, não a terra,
Mas neste poente precoce e azulando-se
O sol entre farrapos finos de nuvens,
Enquanto a lua é já vista, mística, no outro lado,
E o que fica da luz do dia
Doura a cabeça da costureira que pára vagamente à esquina
Onde se demorava outrora com o namorado que a deixou?
Símbolos? Não quero símbolos...
Queria — pobre figura de miséria e desamparo!
Que o namorado voltasse para a costureira."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Simbolos...

"Ah, tudo é símbolo e analogia!
O vento que passa, a noite que esfria,
São outra coisa que a noite e o vento
Sombras de vida e de pensamento.

Tudo o que vemos é outra coisa.
A maré vasta, a maré ansiosa,
É o eco de outra maré que está
Onde é real o mundo que há.

Tudo o que temos é esquecimento.
A noite fria, o passar do vento,
São sombras de mãos, cujos gestos são
A ilusão madre desta ilusão."

Fernando Pessoa

Etiquetas:

Destino da Semana...

Jerusalem
Um dos locais que eu adorava um dia poder visitar...
É Pascoa...

Etiquetas:

La Beauté...

"Je suis belle, ô mortels! comme un rêve de pierre,
Et mon sein, où chacun s'est meurtri tour à tour,
Est fait pour inspirer au poëte un amour
Éternel et muet ainsi que la matière.

Je trône dans l'azur comme un sphinx incompris;
J'unis un coeur de neige à la blancheur des cygnes;
Je hais le mouvement qui déplace les lignes,
Et jamais je ne pleure et jamais je ne ris.

Les poetes, devant mes grandes attitudes,
Que j'ai l'air d'emprunter aux plus fiers monuments,
Consumeront leurs jours en d'austères études;

Car j'ai, pour fasciner ces dociles amants,
De purs miroirs qui font toutes choses plus belles:
Mes yeux, mes larges yeux aux clartés éternelles!"

Charles Baudelaire

Etiquetas:

Hoje sinto-me assim...

Nicole Kidman
Dolce fare niente...

Etiquetas:

sábado, abril 08, 2006

Ocupação...

“Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada trespassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com o meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti – própria."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Hoje sinto-me assim...

Sharon Stone

Etiquetas:

sexta-feira, abril 07, 2006

Indefinições...

"Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê."

Luís Vaz de Camões

Etiquetas:

Discurso sobre os votos...

"Se a ti eu flamejo no calor do amor, com luz que o mundo nunca vira, tanto que venço o poder dos teus olhos, não te espantes pois isto procede da perfeita visão que, quanto mais apreende, mais se move na direção do bem percebido. Eu vejo bem como já brilha, na mente tua a eterna luz, que, uma vez vista, só acende mais o amor em ti. E se outra coisa seduzir o teu amor, só pode ser algum vestígio desta luz, que através dela transluz."

in "Divina Comédia", Paraiso, Canto V, Dante Alighieri

Etiquetas:

Quando olho para mim não me percebo...

"Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."

Álvaro de Campos

Etiquetas:

Hoje acordei assim...

Angelina Jolie
Estou num misto de explosão e ingenuidade sem saber para onde me virar...

Etiquetas:

quinta-feira, abril 06, 2006

Landscape...


Foto: Fernand Hick

Etiquetas:

What angel wakes me from my flowery bed?...

"TITANIA
What angel wakes me from my flowery bed?

BOTTOM
The finch, the sparrow and the lark,
The plain-song cuckoo gray,
Whose note full many a man doth mark,
And dares not answer nay;--
for, indeed, who would set his wit to so foolish
a bird? who would give a bird the lie, though he cry
'cuckoo' never so?

TITANIA
I pray thee, gentle mortal, sing again:
Mine ear is much enamour'd of thy note;
So is mine eye enthralled to thy shape;
And thy fair virtue's force perforce doth move me
On the first view to say, to swear, I love thee.

BOTTOM
Methinks, mistress, you should have little reason
for that: and yet, to say the truth, reason and
love keep little company together now-a-days; the
more the pity that some honest neighbours will not
make them friends. Nay, I can gleek upon occasion.

TITANIA
Thou art as wise as thou art beautiful.

BOTTOM
Not so, neither: but if I had wit enough to get out
of this wood, I have enough to serve mine own turn.

TITANIA
Out of this wood do not desire to go:
Thou shalt remain here, whether thou wilt or no.
I am a spirit of no common rate;
The summer still doth tend upon my state;
And I do love thee: therefore, go with me;
I'll give thee fairies to attend on thee,
And they shall fetch thee jewels from the deep,
And sing while thou on pressed flowers dost sleep;
And I will purge thy mortal grossness so
That thou shalt like an airy spirit go."

in "Sonho de uma noite de Verão", Acto III, Cena I, William Shakespeare

Etiquetas:

"Happy accidents of the Swing"...

Jean-Honoré Fragonard

Etiquetas: ,

She Walks In Beauty...

"She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o'er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling place.

And on that cheek, and o'er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!"

Lord Byron

quarta-feira, abril 05, 2006

Se da alma e do corpo tens a palma...



"Se da alma e do corpo tens a palma,
e do corpo sem alma não tens dó,
há dó do corpo só, que está sem alma,
pois sem alma não vive o corpo só.
Na chama, no ardor, no fogo e calma,
na afeição, no querer eu sou um só;
não acharás vontade mais cativa;
nem outra como a tua tão esquiva.

Se te apartas por não ouvir meu rogo,
onde estiveres te hei-de importunar;
posto que vá por água, ferro ou fogo,
contigo em toda a parte me hás-de achar;
que a chama que me abrasa é de tal fogo
que, enquanto eu vivo for, há-de durar;
e o nó que me tem preso é de tal sorte
que não se há-de soltar em vida ou morte."

Luís Vaz de Camões
Foto: Eric Kellerman

Etiquetas: ,

Contradições...

"A lisonja constante, ostensiva, contrária à evidência das pessoas que o rodeavam, tinha feito com que ele já não visse as suas contradições, já não estabelecesse correspondências entre, por um lado, as suas acções e palavras e, por outro, a realidade, a lógica e o simples bom senso, mas estava absolutamente convencido de que todas as suas ordens, mesmo que fossem disparatadas, injustas e incompatíveis entre si, se tornavam sensatas, justas e compatíveis só por serem emitidas por ele."

in "Khadji-Murat", Lev Tolstoi

Etiquetas:

Olha-me...



"Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento."

Hilda Hilst
imagem: Thomas Dewing, “Before a Mirror”, 1910

Etiquetas: ,

"Poppies, near Argenteuil"...

Monet, 1873, Musée d'Orsay

Etiquetas:

Parfum exotique...

"Quand, les deux yeux fermés, en un soir chaud d`automn
Je respire l`odeur de ton sein chaleureux,
Je vois se dérouler des rivages heurex
Qu`éblouissent les feux d`un soleil monotone:

Une île paresseuse où la nature donne
Des arbres singuliers et des fruits savoureux;
Des hommes dont le corps est mince et vigoureux
Et des femmes dont l`ceil par sa franchise étonne.

Guidé par ton odeur vers de charmants climats,
Je vois un port rempli de voiles et de mâts
Encor tout fatigués par la vague marine,

Pendant que le parfum des verts tamariniers,
Qui circule dans l`air et m`enfle la narine,
se mêle dans mon âme au chant des mariniers."

Charles Baudelaire

Etiquetas:

terça-feira, abril 04, 2006

O amor que tudo move...

"A l'alta fantasia qui mancò possa;
ma già volgeva il mio disio e 'l velle,
sì come rota ch'igualmente è mossa,
l'amor che move il sole e l'altre stelle (...)"

in "Divina Comédia", Dante Alighieri

Etiquetas:

Fósforo inda aceso...

"A 'sperança, como um fósforo inda aceso,
Deixei no chão, e entardeceu no chão ileso.
A falha social do meu destino
Reconheci, como um mendigo preso.

Cada dia me traz com que 'sperar
O que dia nenhum poderá dar.
Cada dia me cansa de Esperança...
Mas viver é sperar e se cansar.

O prometido nunca será dado
Porque no prometer cumpriu-se o fado.
O que se espera, se a esperança e gosto,
Gastou-se no esperá-lo, e está acabado.

Quanta ache vingança contra o fado
Nem deu o verso que a dissesse, e o dado
Rolou da mesa abaixo, oculta a conta.
Nem o buscou o jogador cansado."

Fernando Pessoa

Etiquetas:

Momentos...

Imagem: David d' Angers

Etiquetas:

A arte de amar...

"Mas tu, se alguma preocupação tens de conservar a tua amada,
faz com que pense estares espantado com a sua beleza:
se vestir a púrpura de Tiro, louva os mantos de púrpura de Tiro;
se vestir tecidos de Cós, considera que os tecidos de Cós lhe ficam bem;
enfeita-se de ouro?
Tem-na por mais preciosa que o próprio ouro;
se enverga um manto, aplaude o manto que escolheu;
se apenas usar uma túnica, grita-lhe: "ateias-me labaredas!",
mas, com voz assustada, pede-lhe que tenha cuidado com o frio;
usa um penteado com risco ao meio? Louva-lhe o risco ao meio;
frisou o cabelo com ferro em brasa? Cabelo frisado, és do meu agrado!"


in "A Arte de amar", Ovídio

Etiquetas:

Passagens...

"Cada um que passa na nossa vida,
Passa sozinho ...
Porque cada pessoa é única para nós,
E nenhuma substitui a outra...
Cada um que passa na nossa vida,
Passa sozinho,
Mas não vai só...
Cada um que passa na nossa vida,
Leva um pouco de nós mesmos,
E nos deixa um pouco de si mesmo...
Há os que levam muito,
Mas não há os que não levam nada...
Há os que deixam muito,
Mas não há os que não deixam nada...
Esta é a mais bela realidade da vida.
A prova tremenda da importância de cada um,
É que ninguém se aproxima do outro por acaso...."

Antoine de Saint-Exupéry

Etiquetas:

segunda-feira, abril 03, 2006

Tenho...


"Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina."

Álvaro de Campos

Etiquetas: ,

Landscape...

Foto: Rick Lundh

Etiquetas:

domingo, abril 02, 2006

Je ne sais quoi...

"Por vezes existe nas pessoas ou nas coisas um charme invisível, uma graça natural que não pode ser definida, a que somos obrigados a chamar o «não sei o quê».

Parece-me que é um efeito que deriva principalmente da surpresa. Sensibiliza-nos o facto de uma pessoa nos agradar mais do que deveria inicialmente e somos agradavelmente surpreendidos porque superou os defeitos que os nossos olhos nos mostravam e que o coração já não acredita. Esta é a razão porque as mulheres feias possuem muitas vezes encantos que raramente as mulheres belas possuem, porque uma bela pessoa geralmente faz o contrário daquilo que esperávamos; começa a parecer-nos menos estimável. Depois de nos ter surpreendido positivamente, surpreende-nos negativamente; mas a boa impressão é antiga e a do mal, recente: assim, as pessoas belas raramente despertam grandes paixões, quase sempre restringidas às que possuem encantos, ou seja, dons que não esperaríamos de modo nenhum e que não tínhamos motivos para esperar.

Os encantos encontram-se muito mais no espírito do que no rosto, porque um belo rosto mostra-se logo e não esconde quase nada, mas o espírito apenas se mostra gradualmente, quando quer e do modo que quer; pode esconder-se para surgir de novo e proporcionar essa espécie de surpresa que constitui os encantos."

in "Ensaio Sobre o Gosto", Baron de Montesquieu

Etiquetas:

The rapsody of Spring colors...

Foto: Igor Diamandi

Etiquetas: