quarta-feira, maio 31, 2006

Saber...

"Em momentos de crise, a imaginação é mais importante que o conhecimento"
Albert Einstein

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A Vantagem do saber...

"Não existe ocupação tão agradável como o saber; o saber é o meio de nos dar a conhecer, ainda neste mundo, o infinito da matéria, a imensa grandeza da Natureza, os céus, as terras e os mares. O saber ensinou-nos a piedade, a moderação, a grandeza do coração; tira-nos as nossas almas das trevas e mostra-nos todas as coisas, o alto e o baixo, o primeiro, o último e tudo aquilo que se encontra no meio; o saber dá-nos os meios de viver bem e felizmente; ensina-nos a passar as nossas vidas sem descontentamento e sem vexames."

in "Disputas Tusculanas", Marcus Cicero

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Canção na plenitude...

"Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agraciada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força – que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiavel
cujas marés - mesmo se fogem -- retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias."

Lya Luft

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Arte poética...

"Olhar o rio que é de tempo e água
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que os rostos passam como a água.

Sentir que a vigília é outro sono
Que sonha não sonhar e que a morte
Que teme a nossa carne é essa morte
De cada noite, que se chama sono.

Ver no dia ou até no ano um símbolo
Quer dos dias do homem quer dos anos,
Converter a perseguição dos anos
Numa música, um rumor e um símbolo,

Ver na morte o sono, no ocaso
Um triste ouro, assim é a poesia
Que é imortal e pobre.
A poesiaVolta como a aurora e o ocaso

Às vezes certas tardes uma cara
Olha-nos do mais fundo dum espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela a nossa própria cara.

Contam que Ulisses, farto de prodígios
Chorou de amor ao divisar a Ítaca
Verde e humilde. A arte é essa Ítaca
De verde eternidade e não prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e é cristal dum mesmo
Heraclito inconstante, que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável."

in "Poemas Escolhidos", Jorge Luís Borges

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The toilet of Venus...

François Boucher

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...

"A vida, como sabes, tem o tempo da areia que se escapa por entre os dedos.
Areia rápida e branca. Esvoaçante.
Agora, a ausência - a tua - é um rosto silencioso.
E a tua mão está enterrada no tesouro das horas.
Finges dormir para que a dor não deixe rastro no sangue.
Nada se move dentro ou fora de ti, excepto o vento no interior dos ossos... "

Al Berto

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Put your records on...

"Three little birds, sat on my window.
And they told me I don't need to worry.
Summer came like cinnamon
So sweet,
Little girls double-dutch on the concrete.

Maybe sometimes, we got it wrong, but it's alright
And nothing seems to change, and it all will stay the same.
Oh, don't you hesitate.

Girl, put your records on, tell me your favourite song
You go ahead, let your hair down
Sapphire and faded jeans, I hope you get your dreams,
Just go ahead, let your hair down.

You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Blue as the sky, sombre and lonely,
Sipping tea in the bar by the road side,
(just relax, just relax)
Don't you let those other boys fool you,
Gotta love that awful hairdo.

Maybe sometimes, we feel afraid, but it's alright
The more you stay the same, the more they seem to change.
Don't you think it's strange?

Girl, put your records on, tell me your favourite song
You go ahead, let your hair down
Sapphire and faded jeans, I hope you get your dreams,
Just go ahead, let your hair down.

You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Just more than I could take, pity for pity's sake
Some nights kept me awake, I thought that I was stronger
When you gonna realise, that you don't even have to try any
longer.
Do what you want to.

Girl, put your records on, tell me your favourite song
You go ahead, let your hair down
Sapphire and faded jeans, I hope you get your dreams,
Just go ahead, let your hair down.

Oh, You're gonna find yourself somewhere, somehow."

Corinne Bailey Rae

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terça-feira, maio 30, 2006

Every day you may make progress...

"Every day you may make progress.
Every step may be fruitful.
Yet there will stretch out before you an ever-lengthening, ever-ascending, ever-improving path. You know you will never get to the end of the journey.
But this, so far from discouraging, only adds to the joy and glory of the climb."

Sir Winston Churchill

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...

"É melhor não fazermos muitos planos para a vida para não baralharmos os planos que a vida tenha para nós"

Agostinho da Silva

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Contento-me com a simpatia...

"Eu aprendi a contentar-me com a simpatia.
Encontra-se mais facilmente e, depois, não nos impõe nenhum compromisso. «Creia na minha simpatia», no discurso interior precede imediatamente «e agora ocupemo-nos de outra coisa».
É um sentimento de presidente de Conselho: obtém-se muito barato, depois das catástrofes.
A amizade é menos simples. A sua aquisição é longa e difícil, mas, quando se obtém, já não há meio de nos desembaraçarmos dela, temos de fazer frente."

in "A Queda", Camus

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Sabor a mi...

"Tanto tiempo disfrutamos este amor
nuestras almas se acercaron tanto asi
que yo guardo tu sabor
pero tu llevas tambien sabor a mi

Si negaras mi presencia en tu vivir
bastaria con abrazarte y conversar
tanta vida yo te di
que por fuerza tienes ya sabor a mi

No pretendo ser tu dueno
no soy nada yo no tengo vanidad
de mi vida doy lo bueno
yo tan pobre que otra cosa puedo dar

Pasaran mas de mil anos muchos mas
yo no se si tenga amor la eternida
pero alla tal como aqui
en la boca llevaras sabor a mi."

Alvaro Carrilho

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La última curda...


"Lastima, bandoneón,
mi corazon
tu ronca maldición maleva...
Tu lágrima de ron
me lleva
hasta el hondo bajo fondo
donde el barro se subleva.
¡Ya sé, no me digás! ¡Tenés razón!
La vida es una herida absurda,
y es todo tan fugaz
que es una curda, ¡nada más!
mi confesión.

Contame tu condena,
decime tu fracaso,
¿no ves la pena
que me ha herido?
Y hablame simplemente
de aquel amor ausente
tras un retazo del olvido.
¡Ya sé que te lastimo!
¡Ya se que te hago daño
llorando mi sermón de vino!

Pero es el viejo amor
que tiembla, bandoneón,
y busca en el licor que aturde,
la curda que al final
termine la función
corriéndole un telón al corazón.
Un poco de recuerdo y sinsabor
gotea tu rezongo lerdo.
Marea tu licor y arrea
la tropilla de la zurda
al volcar la última curda.
Cerrame el ventanal
que quema el sol
su lento caracol de sueño,
¿no ves que vengo de un país
que está de olvido, siempre gris,
tras el alcohol?..."

Aníbal Troilo e Cátulo Castillo

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Escrevo-te com o fogo e a água...

"Escrevo-te com o fogo e a água.
Escrevo-te no sossego feliz das folhas e das sombras.
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.
O que procuro é um coração pequeno, um animal
perfeito e suave. Um fruto repousado,
uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
urna pergunta que não ouvi no inanimado,
um arabesco talvez de mágica leveza.
Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu.
grande sopro imóvel da primavera efémera."

António Ramos Rosa

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Saisissant de réalisme...

Ron Mueck

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E eu te encontrei...

"E eu te encontrei, num alcantil agreste,
Meia quebrada, ó cruz. Sozinha estavas
Ao pôr-do-sol, e ao elevar-se a Lua
Detrás do calvo cerro. A soledade
Não te pôde valer contra a mão ímpia,
Que te feriu sem dó. As linhas puras
De teu perfil, falhadas, tortuosas,
Ó mutilada cruz, falam de um crime
Sacrílego, brutal e ao ímpio inútil!
A tua sombra estampa-se no solo,
Como a sombra de antigo monumento,
Que o tempo quase derrocou, truncada.
No pedestal musgoso, em que te ergueram
Nossos avós, eu me assentei. Ao longe,
Do presbitério rústico mandava
O sino os simples sons pelas quebradas
Da cordilheira, anunciando o instante
Da ave-maria; da oração singela,
Mas solene, mas santa, em que a voz do homem
Se mistura nos cânticos saudosos,
Que a natureza envia ao Céu no extremo
Raio de sol, pasmado fugitivo
Na tangente deste orbe, ao qual trouxeste
Liberdade e progresso, e que te paga
Com a injúria e o desprezo, e que te inveja
Até, na solidão, o esquecimento!"

Alexandre Herculano

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segunda-feira, maio 29, 2006

Hoje sinto-me assim...

Kate Moss
Vou tentar refugiar dos 35º que estão na rua...

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Sabedoria Antiga...

"Creio que seja feliz aquele que harmoniza o seu modo de perceber com a qualidade dos tempos, e seja infeliz aquele de cujo procedimento discordem os tempos"

Niccolo Machiavelli

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Viver sempre perfeitamente feliz...

"Viver sempre perfeitamente feliz. A nossa alma tem em si mesma esse poder de ficar indiferente perante as coisas indiferentes. Ficará indiferente se considerar cada uma delas analiticamente e em bloco, lembrando-se que nenhuma nos impõe opinião a seu respeito nem nos vem solicitar; os objectos estão aí imóveis e somos nós que formamos os nossos juízos sobre eles e os entalhamos, por dizê-lo assim, em nós mesmos; e está em nosso poder não os gravar e, se eles se insinuam nalgum cantinho da alma, apagá-los de repente.

Depois os cuidados que te pungem não duram, bem depressa deixará de viver. E por que tens um penoso sentimento de serem assim as coisas? Se são conformes à natureza aceita-as alegremente e sejam-te propícias. Se vão ao arrepio da natureza, busca o que for conforme à tua natureza, e corre nessa direcção, fosse-te ela menos propícia; merece indulgência quem procura o seu próprio bem."

in "Pensamentos", Marco Aurélio

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A felicidade é amor, só isto...

"A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente AMAR."

Herman Hesse

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Femme de Tahiti sur la plage...

Paul Gauguin

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A um dia de verão como hei de comparar-te?...

"A um dia de verão como hei de comparar-te?
Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável:
Em Maio o vendaval ternos botões disparte,
E o estilo se consome em prazo não durável;

Às vezes, muito quente, o olho do céu fulgura,
Outras vezes se ofusca a sua tez dourada;
Decai da formosura, é certo, a formosura,
Pelo tempo ou acaso enfim desadornada:

Mas teu verão é eterno, e não desmaiará,
Nem hás de a possessão perder de tuas galas;
Vagando em sombra o fim não te verá,

Pois neste verso eterno ao tempo tu te igualas:
Enquanto o homem respire e os olhos possam ver,
Meu canto existirá, e nele hás de viver."

William Shakespeare

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Quem disse que...

"Quem disse que a pintura deve parecer-se com a realidade?
Quem o disse vê com olhos de não entendimento
Quem disse que o poema deve ter um tema?
Quem o disse perde a poesia do poema
Pintura e poesia têm o mesmo fim:
Frescura límpida, arte para além da arte
Os pardais de Bain Lun piam no papel
As flores de Zhao Chang palpitam
Porém o que são ao lado destes rolos
Pensamentos-linhas, manchas-espíritos?
Quem teria pensado que um pontinho vermelho
Provocaria o desabrochar da primavera?"

Su Dong Po

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Sole e miele...

"Prendi dalle mie palme per tua gioia
un po' di sole ed anche un po' di miele,
come voglio l'api di Pérsefone.

Nave non ormeggiata non si salpa,
né s'ode l'ombra avvolta di pelliccia,
né qui al mondo si vince la paura.

I baci co rimangano soltanto,
baci così pelosi come l'api,
che muoiono lasciando l'alveare.

E ronzan nelle notti di diciembre:
la loro patria è il bosco del Taigèto,
e cibo, il tempo, l'edera e la menta.

Prendi il mio fiero dono per tua gioia,
l'arido e brutto vezzo d'api morte
che il miele sanno trasmuttare in sole."

Trintan Tzara

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domingo, maio 28, 2006

Soneto da fidelidade...

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinicius de Moraes

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O sentimento de poder...

"Ao fazer o bem e mal, exercemos o nosso poder sobre aqueles a quem se é forçado a fazê-lo sentir; porque o sofrimento é um meio muito mais sensível, para esse fim, do que o prazer: o sofrimento procura sempre a sua causa enquanto o prazer mostra inclinação para se bastar a si próprio e a não olhar para trás.
Ao fazer bem ou ao desejarmos o bem exercemos o nosso poder sobre aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão já na nossa dependência (quer dizer que se habituaram a pensar em nós como nas suas causas); queremos aumentar o seu poder porque assim aumentamos o nosso, ou queremos mostrar-lhes a vantagem que há em estar em nosso poder; ficarão mais satisfeitos com a sua situação e mais hostis aos inimigos do nosso poder, mais prontos a combatê-los.
O facto de fazermos sacrifícios para fazer o bem ou o mal não altera em nada o valor definitivo dos nossos actos; mesmo se arriscarmos a nossa vida, como o mártir pela sua igreja, é um sacrifício que fazemos à nossa necessidade de poder, ou a fim de conservar o nosso sentimento de poder."

in "A Gaia Ciência", Friedrich Nietzsche

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Quem és tu...

"Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor das folhas inspiradas?

A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.

A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas."

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Uma pele contra outra pele...

"O amor? Acontece quando alguém se reconhece noutro, até ao ponto de perder a certeza da sua indentidade. Até já não saber se tem uma identidade. Acontece por tudo e por nada. Em tudo e no nada. Num movimento de olhos ou no gesto suspenso de uma mão. Num beijo terno, em muitos beijos imaginários. Numa palavra que se diz, em palavras que se pressentem."

in "Uma pele contra outra pele", João Lopes

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Nunca fui tão feliz como durante essas noites...

"Nunca fui tão feliz como durante essas noites.
Fechava os olhos e via-a dentro de mim.
A mulher mais bonita do mundo. E ia conhecendo mais do seu rosto, ia conhecendo mais do seu olhar que me via e que brilhava. Ficávamos durante horas só a olharmos um para o outro. Às vezes, fechava os olhos para a ver quando era de noite. Depois, havia uma luz que começava lentamente a atravessar-me as pálpebras. Abria os olhos, e era já de dia. Naquelas horas, conhecemo-nos. Eu via uma mulher que me olhava: os seus olhos atentos a cada brilho com que os meus olhos interiores lhe diziam que qualquer coisa na beleza ou no mundo me conduzia para ela. Naquelas horas, sem falarmos, construíram-se certezas dentro de nós. Ainda hoje o não sei explicar. A beleza, como o amor, são mistérios proibidos. Naquelas horas, a beleza e o amor eram simples. Nos nossos olhares, abriam-se caminhos para a beleza e para o amor. Eu olhava para ela no mesmo momento em que ela olhava para mim. Esse era o mistério, o milagre, o labirinto simples que usámos para nos conhecermos e para dizermos palavras de silêncio: palavras maiores, profundas, abismos, palavras que eram de sangue e que ali, eu um rapaz, ela uma rapariga, pareciam palavras de sol terno, e de sol suave, e de sol brando. Sei hoje que, durante aquele tempo, amava e era amado. Durante aquele tempo, a beleza da mulher de luz que estava dentro de mim, tinha-se misturado com esse sentimento. Esse sentimento. Esse sentimento que era um entusiasmo a mandar em todos os meus instantes, uma febre de onde não conseguia sair mesmo que quisesse, esse sentimento que era uma palavra: amor: uma palavra estranha porque era importante, eu achava que era uma palavra importante, mas sabia que era uma palavra que eu, desde os meus dezasseis anos, tinha tornado vulgar. Esse sentimento que era uma palavra, e eu perguntava-me a mim próprio sobre quantas pessoas a teriam tornado vulgar. Eu sentia que sentia totalmente esse sentimento.
Amava e era amado."


in "Uma Casa na Escuridão", José Luís Peixoto

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The Expulsion from Paradise...

Charles Joseph Natoire

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Sonho Oriental...


"Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...

O aroma da Mongólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com umas finas ondas de escumilha...

E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar."

Antero de Quental

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No fundo o que é um maluco?...

"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, transformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos."
(...) penso no absurdo de escrever. De estar a escrever quando podia estar com os amigos, ir ao cinema, ir dançar que é uma coisa de que gosto... mas não, um tipo está ali e é um bocado esquizofrénico. (...) Há sempre uma parte subterrânea nas obras de arte impossível de explicar. Como no amor. Esse mistério é, talvez seja, a própria essência do acto criador. (...) Quando criamos é como se provocássemos uma espécie de loucura, quando nos fechamos sozinhos para escrever é como se nos tornássemos doentes. A nossa superfície de contacto com a realidade diminui, ali estamos encarcerados numa espécie de ovo... só que tem de haver uma parte racional em nós que ordene a desordem provocada. A escrita é um delírio organizado."

António Lobo Antunes

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A cor do arrebatamento...

"(...) com um vestido azul e os cabelos espessos presos com uma fita verde.
Verde e azul eram as cores combinadas em certos trajos-alfaiate dos anos imediatos ao cubismo. O azul era uma cor da juventude; a cor da cólera, por mal que pareça dizê-lo. Não é o vermelho que é a cor do arrebatamento, mas o azul. A época mais deslumbrante de Picasso foi chamada «azul»; a de Vieira da Silva também. Esse azul traduz um vigor concordante com o melhor das aptidões humanas."

Agustina Bessa-Luís

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sexta-feira, maio 26, 2006

O prazer de viver...

"É o prazer de viver que dispersa, suprime a concentração, paralisa todo o impulso para a grandeza. Mas sem prazer de viver... Não, a solução não existe... A menos que seja uma solução fazer de um grande amor uma raiz e nele encontrar a fonte de vida sem o castigo da dispersão."

in "Cadernos", Albert Camus

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Hoje sinto-me assim...

Drew Barrymore
Há dias q me sinto feliz, outros pensativa e as vezes ainda desvairada, mas hoje sinto-me... Rosa Cueca!!

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Os degraus do coração...

"O sonho dela.
Claro.
Ele apenas tinha perguntado se ela não podia passar duas noites inteiras no hotel. E isto porque ela tinha comentado que o marido estaria ausente naquela semana. Claro.
Era muito mais confortável dormir com ela do que ter de içar forças para se vestir e a levar a casa, quando já estava estonteado de sono.
Ela insistia em voltar para casa de táxi. Mas ele era um cavalheiro. Levantava-se estoicamente e levava-a a casa. Uma, duas. A ilusão dos números. Uma noite era um prolongamento da amizade colorida. Duas, uma promessa romântica. Pelo menos para ela, que começou imediatamente a procurar na internet hotéis à beira-mar. Deixando para trás a preparação do colóquio internacional, note-se. Depois queixem-se de que as mulheres são preteridas nos lugares de responsabilidade. Ele nunca deixaria que o seu entusiasmo por ela interferisse, um minuto que fosse, no seu trabalho. Ele não perdia tempo a ler romances, como aquele, do reaccionário Milan Kundera, que distinguia o sexo do sono partilhado. Como era a frase? «A partilha do sono era o corpo de delito do amor». Literatura. Rememorou as noites que partilhara com ele na juventude. Tinham dormido juntos num hotel barato de Paris, no comboio de Paris a Lisboa, e, depois, em casa de vários amigos em várias cidades. E essas noites infinitas tinham caído num buraco negro, durante quase vinte anos.

- O teu sonho não vai poder realizar-se - dissera ele, sorrindo."

in "Os Degraus do Coração, Inês Pedrosa

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Porque há desejo em mim...

"Porque há desejo em mim, é tudo cintilante.
Antes, o quotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofo-manias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?

Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia."

Hilda Hist

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As Rosas...

"As Rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Incidentes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos."

Ricardo Reis

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Decisão, desejo e acção...

"A decisão é, na verdade, o que de mais próprio concerne a excelência e é melhor do que as próprias acções no que respeita à avaliação dos carácteres humanos. A decisão parece, pois, ser voluntária. Decidir e agir voluntariamente não é, contudo, a mesma coisa, pois, a acção voluntária é um fenómeno mais abrangente. É por essa razão que ainda que tanto as crianças como os outros seres vivos possam participar na acção voluntária, não podem, contudo, participar na decisão. Também dizemos que as acções voluntárias dão-se subitamente, mas não assim de acordo com uma decisão.
Os que dizem que a decisão é um desejo, ou uma afecção, ou anseio, ou uma certa opinião, não parecem dizê-lo correctamente, porque os animais irracionais não tomam parte nela. Por outro lado, quem não tem autodomínio age cedendo ao desejo, e, desse modo, não age de acordo com uma decisão. Finalmente, quem tem autodomínio age, ao tomar uma decisão, mas não age, ao sentir um desejo.
Um desejo pode opor-se a uma decisão, mas já não poderá opor-se a um outro desejo. O desejo tem em vista o que é agradável e o que é desagradável. A decisão, contudo, não é feita em vista do desagradável nem do agradável."

in "Ética a Nicómaco", Aristóteles

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quinta-feira, maio 25, 2006

O Medo de amar é o medo de ser livre...

"O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar onde o justo estiver
O medo de amar é o medo de ter
De a todo momento escolher
Com acerto e precisão a melhor direcção
O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar
Prá ficar
O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever: recusar o poder
O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz."

Elis Regina

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São como um cristal...

"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"

Eugénio de Andrade

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Paraíso...

"Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso."

David Mourão-Ferreira

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Apartaram-se os meus olhos...

"Tratam-me com cautela
Por me enganar mais asinha;
Dei-lhe posse da alma minha,
Foram-me fugir com ela.
Não há vê-los, nem há vê-la,
De mim tão longe.
Falsos amores,
Falsos, maus, enganadores!

Entreguei-lhe a liberdade
E, enfim, da vida o melhor.
Foram-se e do desamor
Fizeram necessidade.
Quem teve a sua vontade
De mim tão longe?
Falsos amores,
E tão cruéis matadores!

Não se pôs terra nem mar
Entre nós, que foram em vão,
Pôs-se vossa condição
Que tão doce é de passar.
Só ela vos quis levar
De mim tão longe!
Falsos amores
- E oxalá que enganadores!"

Luis Vaz de Camões

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A beleza real...

"Quando então alguém, subindo a partir do que aqui é belo, através do correcto amor aos jovens, começa a contemplar aquele belo, quase que estaria a atingir o ponto final. Eis, com efeito, em que consiste o proceder correctamente nos caminhos do amor ou por outro que se deixe conduzir: em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo.

Nesse ponto da vida, meu caro Sócrates, continuou a estrangeira de Mantinéia, se é que em outro mais, poderia o homem viver, a contemplar o próprio belo. Se algum dia o vires, não é como ouroou como roupa que ele te parecerá ser, ou como os belos jovens adolescentes, a cuja vista ficas agora aturdido e disposto, tu como outros muitos, contanto que vejam seus amados e sempre estejam com eles, a nem comer nem beber, se de algum modo fosse possível, mas a só contemplar e estar ao seu lado. Que pensamos então que aconteceria, disse ela, se a alguém ocorresse contemplar o próprio belo, nítido, puro, simples, e não repleto de carnes, humanas, de cores e outras muitas ninharias mortais, mas o próprio divino belo pudesse ele em sua forma única contemplar? Porventura pensas, disse, que é vida vã a de um homem a olhar naquela direção e aquele objecto, com aquilo com que deve, quando o contempla e com ele convive? Ou não consideras, disse ela, que somente então, quando vir o belo com aquilo com que este pode ser visto, ocorrer-lhe-á produzir não sombras de virtude, porque não é em sombra que estará a tocar, mas em reais virtudes, porque é no real que estará a tocar?"

in “O Simpósio - O Banquete”, Platão

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Eu quero...


Qualquer peça desta Divina colecção deste pequeno- génio:
Alexander McQueen

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Blue carpet...

Photo: Ian Stevens

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Voltei a pensar em ti...

"Voltei a pensar em ti.
Um dia mais, um mês mais, um ano mais.
Em Fevereiro é sempre pior. Os bailes de máscaras e os corações de cetim cintilante em montras de namorados tornam-se verdadeiros avivadores de memórias. Como o algodão doce. Deixa-nos na boca cor-de-rosa de açúcar, um fio doce, doce e bom, de tal forma que nem a doçura amarga volta.
Assim é o amor, “o que não mata morre…o que não morre mata."
Nós, os “mortos”, aqueles fanáticos do amor a quem o fatalismo tocou, somos muitas vezes toldados por esse grande defeito de ter uma dose de amor a mais. Basta uma só. Às vezes acontece bater certo, se a substituirmos ou dividirmos em vez de somarmos e multiplicarmos, porque os números são ajustes de contas infinitos, e o infinito é quase eterno e o eterno faz dores de cabeça por ser tão grande, tão catastrófico e nos tornar tão impotentes perante ele. A verdade é que meio mundo anda a chorar à socapa de outro meio. Meio mundo arrasta o coração de dez toneladas explodindo em culpa. Meio mundo espera, na impaciência resignada dos dias, que essa outra parte perdida volte. Meio mundo anseia que o destino interceda em seu favor e lê nas estrelas e no “tarot” toda a luz que precisa para que o planeta gire ao contrário e as peças se toquem na mesma órbita, naquele preciso instante matematicamente certo.
Mas o universo não é assim. As estrelas e os cometas e os meteoritos que se encontraram, uma vez que fosse, ainda que inflamados em fogo, desaparecem em órbitas diferentes, em direcções diferentes, opostas até. E esse ponto único de cruzamento futuro é apenas absurdo.
Então, inventamos uma só palavra que define com doçura e encanto a improbabilidade universal de dois corpos se voltarem a encontrar com a mesma intensidade de luz – a saudade.
Somos apenas almas que gerem com maior ou menor perícia essa saudade doida. (...)"

in “Coração de Cetim”, Maria de Lopo de Carvalho

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Dia Internacional das Crianças Desaparecidas...


"Ao silêncio seguinte ninguém sequer responde, pois não sabe ter havido um som, uma verdade, um antes "
Pedro Tamen

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quarta-feira, maio 24, 2006

Sabedoria Antiga...


"A perfeição é feita de pequenos detalhes – não é apenas um detalhe."

Michelangelo

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Sabedoria Antiga...

"Quanto mais se desenvolve a nossa faculdade de contemplar, mais se desenvolvem as nossas possibilidades de felicidade, e não por acidente, mas justamente em virtude da natureza da contemplação. Esta é preciosa por ela mesma, de modo que a felicidade, poderíamos dizer, é uma espécie de contemplação."

in "Ética a Nicómaco", Aristóteles

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Saber...

"No fundo, a sabedoria do destino é a nossa própria.
Porque a acompanhamos com uma consciência incessante daquilo que, no fundo, nos é permitido fazer. Podemos estar sujeitos a algumas tentações mas nunca nos enganamos.
Agimos sempre no sentido do destino.
As duas coisas formam uma só.
Quem se engana é porque ainda não compreende o seu destino. Quer dizer, não compreende qual a resultante de todo o seu passado - o qual lhe indica o futuro. Mas quer o compreenda ou não, indica-lho à mesma.
Cada vida é aquilo que devia ser."

Cesare Pavese

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Tu eras também uma pequena folha...

"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."

Pablo Neruda

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Sonhar...

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
Mas no fundo isso não tem importância.
O que interessa mesmo
não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."

in "Sonho de uma noite de Verão", William Shakespeare

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Aqui me sentei quieta...

"Aqui me sentei quieta
Com as mãos sobre os joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos
Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente."

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Hoje sinto-me assim...

Charlize Theron

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terça-feira, maio 23, 2006

Olympia...

Edouard Manet

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There must be an Angel (playing with my heart)...

"No-one on earth could feel like this.
I'm thrown and overblown with bliss.
There must be an angel
Playing with my heart.
I walk into an empty room
And suddenly my heart goes "boom"!
It's an orchestra of angels
And they're playing with my heart.

(Must be talking to an angel)

No-one on earth could feel like this.
I'm thrown and overblown with bliss.
There must be an angel
Playing with my heart.
And when I think that I'm alone
It seems there's more of us at home.
It's a multitude of angels
And they're playing with my heart.

I must be hallucinating
Watching angels celebrating.
Could this be reactivating
All my senses dislocating?
This must be a strange deception
By celestial intervention.
Leavin' me the recollection
Of your heavenly connection."

Eurythmics

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Tipos de Amizade...

"Três tipos de amizade são vantajosos e três tipos de amizade são nocivos. A amizade com um homem que fala sem rodeios, a amizade com um homem sincero, a amizade com um homem de grande saber, esses três tipos de amizade são úteis. A amizade com um homem acostumado a enganar por uma falsa aparência de honestidade, a amizade com um homem hábil para adular, a amizade com um homem que fala bonito, esses três tipos de amizade são nocivos."

in "A Sabedoria de Confúcio", Confúcio

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The Roses of Heliogabalus...

Sir Lawrence Alma-Tadema

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...

"Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão e a tua boca deixou um rasto de canções."

Maria do Rosário Pedreira

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Se o ciúme nasce do intenso amor...

"Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme.
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros.
O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante."

Umberto Eco

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segunda-feira, maio 22, 2006

Destino da Semana...

Basilica de São Pedro
Forum Romano
Coliseum
Fontana di Trevi
Roma, a Cidade Eterna

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O paraiso não existe...

"O paraíso não existe como uma realidade que se manifesta temporalmente, como a duração; o paraíso talvez tenha existido mas este é um momento, nós temos a virtualidade do paraíso e esta virtualidade pode tornar-se real em determinados momentos. Por exemplo os escritores franceses falam muito em instante total; quer dizer, o paraíso seria o momento em que a pessoa sentiria uma sensação absoluta, total, de bem-estar, maravilhosa. E esses momentos apesar de serem improváveis são possíveis."

António Ramos Rosa

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É um jogo perigoso...

"(...) a verdade é que, quando esvaziamos gavetas, encontramos uma quantidade de papéis velhos, esquecidos, dos quais alguns, quase forçosamente, querem ser lidos, pelo que, inevitavelmente, acabamos por mergulhar cada vez mais fundo no vórtice da memória e voltam à nossa cabeça coisas que durante anos tudo fizemos para esquecer.
É um jogo perigoso, o das recordações, no qual se sai sempre a perder."

in "O cheiro da noite", Andrea Camilleri

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Este Inferno de amar...

"Este inferno de amar - como eu amo!
Quem mo pôs aqui nalma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destroi-
Como é que se veio a atear,
Quando-ai quando se há de apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez...-foi um sonho-
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertai?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei...dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? -Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei..."

Almeida Garret

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...

"Há duas coisas que a experiência deve ensinar: a primeira é que se torna indispensável corrigir muito; a segunda é que se não deve corrigir de mais."

Eugène Delacroix

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domingo, maio 21, 2006

Movimentos...

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Carta sobre a felicidade...

"Quando falamos do prazer como de um fim, não falamos dos prazeres dos dissolutos ou daqueles que têm o gozo por residência (...) mas de alcançar o estádio em que não se sofre no corpo e não se está perturbado na alma. Pois nem a bebida, nem os festins contínuos, nem os rapazes ou as mulheres de que se usufrui, nem o deleite dos peixes e de tudo aquilo que pode haver numa mesa faustosa estão na origem de uma vida feliz, mas o raciocínio sóbrio, que procura as causas de toda a escolha e toda a rejeição e afasta as opiniões através das quais a maior perturbação se apodera da alma."

in Carta sobre a felicidade", Epicuro

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Com o tempo...

"Com o tempo o prado seco reverdece,
Com o tempo cai a folha ao bosque umbroso,
Com o tempo para o rio caudaloso,
Com o tempo o campo pobre se enriquece,

Com o tempo um louro morre, outro floresce,
Com o tempo um é sereno, outro invernoso,
Com o tempo foge o mal duro e penoso,
Com o tempo torna o bem já quando esquece,

Com o tempo faz mudança a sorte avara,
Com o tempo se aniquila um grande estado,
Com o tempo torna a ser mais eminente.

Com o tempo tudo anda, e tudo pára,
Mas só aquele tempo que é passado
Com o tempo se não faz tempo presente."

Luís Vaz de Camões

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Escrever é isto...

"Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso (não de livraria, mas de indignação social profunda) é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração.
Mas porque a poética precisão de dum acto humano não corresponde totalmente à sua evidência. Ama-se a palavra, usa-se a escrita, despertam-se as coisas do silêncio em que foram criadas. Depois de tudo, escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com um júbilo da Natureza, que é precavida."

Agustina Bessa-Luís

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sábado, maio 20, 2006

Ai de mim por teus olhos vagos...

"Ai de mim por teus olhos vagos.
Digo ao meu coração :"O meu amo
Partiu. Durante
A noite partiu
E deixou-me. Sinto-me um túmulo."
E a mim própria pergunto: Não fica nenhuma sensação, quando
Vens até mim?
Mesmo nenhuma?

Ai de mim por esses olhos que te afastaram do caminho,
Sempre tão vagos.
E apesar disso confesso com sinceridade
Que andem eles por onde andarem
Se vierem ter comigo
Eu reentro na vida."

in "Poemas de Amor do Antigo Egipto"

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Porque é que...

"Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer directamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência."

Friedrich Nietzsche

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O tempo há-de nos ensinar como se faz...

"O tempo há-de nos ensinar como se faz.
O que é preciso é que haja vontade, a intenção.
É isso que te peço.
Sinto que há um verdadeiro laço entre nós os dois, que com o tempo se tornará cada vez mais forte, como é natural. (...)
Sinto que gosto muito de ti. Desculpa o modo atabalhoado como digo estas coisas, mas não tive tempo de compor um discurso bem falante. Sinto que o destino ou Deus ou algo nos concedeu a graça da presença um do outro. E seria estúpido desperdiçarmos esta oportunidade.
É importante não deixar que por um orgulho idiota, por desconfiança, por falta de imaginação ou de esperança estraguemos tudo. A partir de agora e para o futuro, devemos manter-nos juntos. Não interessa saber o que significará isso exactamente, ou que implicações terá, vê-lo-emos à medida que o tempo for passando.
Mas que dizes - aceitas? Estás disposto a tentar?"

in "O Mar, o Mar", Iris Murdoch

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O meu olhar é nítido como um girassol...

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."

Fernando Pessoa

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Why don’t you do right?...

"You had plenty money 1922
But you let other women make a fool of you
Why don't you do right
Like some other men do?

Why don't you get out of here and
Bring me some money too?

Your sitting there wondering what it's all about
If you ain't got no money they're going to
Put you out
Why don't you do right
Like some other men do?

Why don't you get out of here and
Bring me some money too?

I fell for your jive and I took you in
Now all you got to offer me's a fifth of gin
Why don't you do right
Like some other men do?

Why don't you get out of here and
Bring me some money too?"

Ella Fitzgerald

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sexta-feira, maio 19, 2006

Mrauk-U, archaeological site at sunrise Rakhine-State Burma, Asia

Photo: Peter Weimann

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O Cúmulo da Felicidade...

"Não avalies os bens e os males segundo o critério do vulgo: deves verificar, não donde eles provêm, mas sim para que fim tendem. Tudo o que possa contribuir para a obtenção de uma vida feliz será um bem de pleno direito, já que não pode degradar-se até tornar-se um mal.
Toda a gente, contudo, ambiciona ter uma vida feliz; porque sucede então que quase todos falham o alvo? Pelo facto de se tornar por felicidade o que não passa de um meio para atingir; por isso, quanto mais a buscam, mais dela se afastam. O cúmulo da felicidade consiste numa perfeita segurança, numa inabalável confiança no seu valor; ora o que as pessoas fazem é arranjar motivos de preocupação, é percorrer a traiçoeira estrada da vida ajoujadas de pesados fardos. Deste modo vão-se sempre distanciando cada vez mais da meta que procuram alcançar, e quanto mais se esforçam por atingi-la mais se embaraçam e retrocedem. Sucede-lhes como a alguém que corra num labirinto: a própria velocidade faz perder o norte."

in "Cartas a Lucílio", Séneca

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Ode a Afrodite...

"Filha de Jove, que tens altares
Em cem lugares, diva falaz
Ah! Poupa mágoa a quem te adora,
A quem implora favor e paz.
Tu outrora já piedosa ouviste
O brado triste da minha voz,
E da materna mansão celeste
A mim vieste pronta e veloz.
Ao níveo carro, jungido tinhas
Das avezinhas o meigo par,
Ele voando pelo ar sereno
Em brado ameno veio pousar.
E tu, sorrindo de mim diante
Meigo o semblante falaste assim:
Safo, por que te vejo tão consternada
Porquê magoada chamas por mim?
Que paixão te oprime? Gemes, suspiras,
Dize, a que aspiras com tanto ardor?
Alguém ingrato se não te rende?
Ah... Quem te ofende com tal rigor?
Há de rogar-te, se ora te enjeita.
Teus dons rejeita? A Deusa te dará.
Desquer-te amada? Por ti já 'squiva
Em chama activa te abrasará.
Também agora, Deusa benigna,
A mim te dignas dar proteção.
Auxiliadora neste conflito,
Vale ao aflito meu coração."

Safo

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Swans...

American Ballet Theater

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Bailarina...

"Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina
não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé
não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá
não conhece nem lá nem sí
mas fecha os olhos e sorri
roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina
mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças."

Cecília Meireles

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Eu cantarei de amor tão docemente...

"Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte."

Luís Vaz de Camões

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quinta-feira, maio 18, 2006

Amizade condicionada...

"A amizade é menos frequente entre pessoas azedas e entre os mais velhos, porque quanto pior for o feitio das pessoas, menor é o prazer que têm no convívio."

in "Ética a Nicómaco", Aristóteles

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Julgar Pelas Aparências...

"A beleza é uma forma de Génio... diria mesmo que é mais sublime do que o Génio por não precisar de qualquer explicação. É um dos grandes factos do mundo, como a luz do sol ou a Primavera, ou o reflexo nas escuras águas dessa concha de prata a que chamamos lua. É inquestionável. Tem um direito de soberania divino. Eleva os seus possuidores à categoria de príncipes. Está a sorrir ? Ah, quando a tiver perdido com certeza que não há-de sorrir... às vezes as pessoas dizem que a Beleza é apenas superficial, e pode bem ser. Mas pelo menos não é tão superficial como o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só as pessoas frívolas é que não julgam pelas aparências.
O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível..."

in "O Retrato de Dorian Gray", Oscar Wilde

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Maria Magdalena...

"Além desta lenda, existem também outras histórias paralelas, como a que conta que o Santo Graal, na verdade, é o corpo de Maria Madalena.
Ela seria a esposa de Cristo e deveria ser a herdeira da nova religião.
A história também diz que junto ao cadáver desta, estariam preciosos pergaminhos e documentos escritos pelos apóstolos de Jesus e pelo próprio Cristo. Tais pergaminhos segundo a lenda, são extremamente contraditórios com a Bíblia e portanto um verdadeiro tesouro sobre o legado de Cristo na Terra.
Em 1948, na localidade de Nag Hammadi, foram encontrados pergaminhos que continham evangelhos apócrifos, e cujo conjunto de textos foi chamado de biblioteca de Nag Hammadi.
As cópias destes evangelhos supunham-se perdidas, pois haviam sido proibidas e queimadas pela Igreja após o concílio de Nicéia.
Entre estes documentos antigos encontra-se o "Evangelho de Maria Madalena", que apresenta inconsistências com os quatro evangelhos aceitos pela Igreja. Um dos pontos é que entre os seus discípulos, Maria Madalena é a preferida, e é ela que transmite os ensinamentos de Jesus aos outros.
Em outro documento da biblioteca de Nag Hammadi, o "Evangelho de Filipe", faz-se referência ao facto que Jesus a ama mais que aos outros discípulos e a beija com frequência.
Tudo isto fortalece a hipótese do casamento entre ambos, e que seja Maria Madalena e sua descendência os verdadeiros herdeiros da religião fundada por Jesus.
Um grande argumento em favor desta união, é a de que era impensável que um judeu, na altura, chegasse aos 30 anos sem estar casado."

Fonte: Wikipédia

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O Santo Graal...

Dante Gabriel Rossetti

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Sangraal...

“- São o mistério e o maravilhoso que servem as nossas almas, não o Graal em si.
A beleza do Graal reside na sua natureza etérea. (…) Para alguns, o Graal é uma taça que lhes proporcionará a vida eterna. Para outros, é a procura de documentos perdidos e da História secreta. Para a maioria, suspeito, o Santo Graal é apenas uma ideia grandiosa… um tesouro glorioso e inatingível que de algum modo, mesmo no nosso caótico mundo, nos inspira.”

in "O Código Da Vinci", Dan Brown

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quarta-feira, maio 17, 2006

Hoje sinto-me assim...

Katie Holmes
Mas atenção!! Nada de Tom Cruise nem Scientology!!

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When he shall die...

"…when he shall die
Take him and cut him out in little stars,
And he will make the face of heaven so fine
That all the world will be in love with night
And pay no worship to the garish sun"

William Shakespeare

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Quelqu'un m'a dit...



"On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux.

Pourtant quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore,
Serais ce possible alors ? (refrain)

On me dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.

Pourtant quelqu'un m'a dit...

Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?

Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit,
J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les
traits, "Il vous aime, c'est secret, ne lui dites pas
que je vous l'ai dit."

Tu vois, quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
Me l'a t'on vraiment dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s'en fait des manteaux.

Pourtant quelqu'un m'a dit..."

Carla Bruni

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terça-feira, maio 16, 2006

Sunday afternoon on the Island of La Grande Jatte...

Georges Seurat

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As mulheres não são pacientes com o amor...

"As mulheres não são pacientes com o amor.
São pacientes com tudo e de tudo fazem hábitos.
Do amor é que não. daí que muitas delas deixem de ser honestas e se entreguem a uma forma de criação que é principiar do nada coisas efémeras que nunca acabam.
Chama-se a isto Quinta-Essência, a região do fogo e do amor.
(...)
Há, nesse círculo da quinta-essência, uma atracção tão arrebatada que ela serve de linguagem entre gente completamente estranha na raça e nos costumes. Um deleite, que não é dos sentidos mas superior nos seus efeitos..."

Augustina Bessa Luís

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Quando as setas acertam de levar ervas secretas...

"Destes tiros assim desordenados,
Que estes moços mal destros vão tirando,
Nascem amores mil desconcertados

Formosas são algumas e outras feias,
Segundo a qualidade for das chagas;
Que o veneno espalhado pelas veias
Curam-no às vezes ásperas triagas.
Alguns ficam ligados em cadeias,
Por palavras subtis de sábias magas:
Isto acontece às vezes, quando as setas
Acertam de levar ervas secretas"

in "Os Lusiadas", Luis Vaz de Camões

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Acendeu-lhe no olhar brilho de estrelas...

"Reuniu Deus para compor a mulher - remate, coroa e epílogo da criação - a quinta essência de tudo quanto derramara de melhor no paraíso, onde a colocou, e do qual, ainda depois de perdido, as descendentes de Eva ficariam avivando recordações.
Quis Ele, Sumo Factor, fundir-lhe o espírito brilhante e suave de um raio de oiro do sol, e de um raio prateado da lua.
Deu-lhe a pureza da cecem, a alvura do lírio, o pudor e a graça da rosa, a modéstia da violeta; acendeu-lhe no olhar brilho de estrelas: descenou-lhe auroras de carmim e pérolas no sorrir; para fala, concentrou todas as melodias balbuciadas no frémito das vibrações, no murmurinho das fontes, e nos cânticos das aves; modelou-lhe a estatura pela dos arbustos mais esbeltos e mimosos; arredondou-lhe as formas, que lembrassem os frutos mais gentis e apetecidos, difundiu-lhe os cabelos como os ramos pendentes e movediços do salgueiro aquático, impregnou-lhos de electricidade; embebeu-os de um aroma que fala; revestiu-os de um brilhantismo; tão esmerado e pródigo os doutou, que o oiro, as pedrarias, os perfumes, as sedas e as flores ambicionando realça-las recebessem deles novo preço."

Antonio Feliciano de Castilho

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A arte do Encontro...

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."
Vinicius de Morais

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segunda-feira, maio 15, 2006

...

"O tempo é a única prova segura de tudo.
Não só é o crítico mais severo; é o crítico recto e preciso.
Ninguém pode julgar do valor disto ou daquilo num momento, porque só o tempo o pode fazer.
O tempo dar-lhe-á o valor que merece (...) "
Alfred Montapert

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"There are only two tragedies in life: one is not getting what one wants, and the other is getting it."

Oscar Wilde

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“Há pequenas impressões finas como um cabelo...


“Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidos. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentada ao calor do sangue e das aquisições da experiência temperada de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas.”

Agustina Bessa-Luís

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A morning view of Mombacho Volano, a Nicaraguan cloud forest...

Photo: Erik Gauger

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"Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena."

Fernando Pessoa

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domingo, maio 14, 2006

Dá tudo ao amor...

"Dá tudo ao amor;
Obedece ao teu coração;
Amigos, família, dias,
Bens, reputação,
Planos, crédito e a Musa,
Nada recuses.

É um grande senhor;
Dá-lhe carta branca:
Segue-o sem remissão,
Esperança além da esperança:
Cada vez mais alto,
Ele mergulha na tarde,
De asa intacta,
Desígnio oculto;
Pois é um deus,
Conhece o seu caminho
E os caleiros do céu.

Nunca se destinou aos fracos,
Exige coragem intransingente.
Almas que vencem a dúvida,
De valor inquebrantável,
Ele recompensará -
Elas regressarão,
Melhores que eram,
Em ascensão contínua.

Deixa tudo pelo amor;
Ouve-me, pois, ouve-me,
A mais uma palavra sujeita o teu coração,
Mais um impulso de firme empenho.
Mantém-te hoje,
Amanhã, para sempre,
Livre como um árabe,
De quem tu amas.
(...)
Sabe do coração
Que quando os semideuses partem,
Os deuses chegam."

R. W. Emerson (1803-1882)

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Sabedoria Antiga...

"Para formar juízos de valor sobre as grandes questões há que ter uma grande alma, pois de outro modo atribuiremos às coisas um defeito que é apenas nosso, tal como objectos perfeitamente direitos nos parecem tortos e partidos ao meio quando os vemos metidos dentro de água. O que interessa não é o que vemos, mas o modo como vemos (...)"

in Cartas a Lucílio, Séneca

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La force des choses...

"Auprès d'eux, j'avais leur âge, sans rien perdre cependant d'une maturité si cher payée que je n'étais pas loin de la prendre por de la sagesse; ainsi conciliais-je, dans une fugace illusion, les contradictoires privilèges de la jeunesse et de la vieillesse: il me semblait savoir beaucoup et pouvoir presque tout."

Simone de Beauvoir

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Stickwitu...

"I don't wanna go another day
So I'm telling you, exactly what is on my mind
Seems as like everybody is breaking up
and throwing their love away
But I know I got a good thing right here
That's why I say (Hey)

Nobody gonna love me better, I must stick with u forever
Nobody gonna take me higher, I must stick with u
You know how to appreciate me, I must stick with u, my baby
Nobody ever made me feel this way, I must stick with u

I don't wanna go another day
So I'm telling you, exactly what is on my mind
See the way we ride, in our private lives
Ain't nobody gettin' in between
I want you to know that, your the only one for me

Nobody gonna love me better, I must stick with u forever
Nobody gonna take me higher, I must stick with u
You know how to appreciate me, I must stick with u my baby
Nobody ever made me feel this way, I must stick with u

And now, ain't nothing else I can need
And now, I'm singing.. 'cause your so, so into me
I got you, we'll be making love endlessly
I'm with you, baby you're with me

So don't cha worry about
people hanging around
they ain't bring us down
I know you, and you know me
and that's all that counts
So don't cha worry about
people hanging around
they ain't bring us down
I know you, and you know me
and that's why, that's why I say

Nobody gonna love me better, I must stick with u forever
Nobody gonna take me higher, I must stick with u
You know how to appreciate me, I must stick with u my baby
Nobody ever made me feel this way, I must stick wit u."

The Pussycat Dolls

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Ontem foi assim...




Eva Longoria
Aniversário parte 2
Pronto... foi sem comentários!! Ontem foi só bombar pois tá claro!!
e fomos ao pãozinho no final!

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sábado, maio 13, 2006

Escola de Atenas...

Rafael
Stanza della Segnatura, Vaticano (1509-1510)

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A Regra da vida...

"A única coisa necessária para ser feliz é amar o que é digno de amor, na medida certa. (...)
Mas o amor perdido é uma forma especial de fracasso. (...)
É um aviso de que algumas consumações, por muito que as desejemos, nunca acontecerão, de que alguns gorilas nunca se transformarão em homens, nem que para isso disponham de toda a eternidade."

in "A regra de quatro", Ian Caldwell e D. Thomason

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Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse...

"Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse
em serpente, diria apenas arabesco; e esconderia
na saia a mordedura quente, a ferida, a marca
de todos os enganos, faria quase tudo

por amor: daria o sono e o sangue, a casa e a alegria,
e guardaria calados os fantasmas do medo, que são
os donos das maiores verdades. Já de outra vez mentira

e por amor haveria de sentar-se à mesa dele
e negar que o amava, porque amá-lo era um engano
ainda maior do que mentir-lhe. E, por amor, punha-se

a desenhar o tempo como uma linha tonta, sempre
a cair da folha, a prolongar o desencontro.
E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes;
arabescos, ainda que só se lembrasse de serpentes."

Maria do Rosário Pedreira

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Sabedoria Antiga...

"O importante é que a alma se recolha em si própria, abandonando todas as coisas exteriores. Deve confiar em si mesma, alegrar-se consigo, cuidar do que é seu e afastar-se o mais possível das coisas dos outros."

in "Sobre a tranquilidade da alma", Séneca

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Eu quero...

Mini Cooper Cabrio
Assim nem mais nem menos, a cor, descapotavel lindo, maravilhoso...

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Hoje vou adormecer assim...

Vou adormecer a pensar em...
Photo: Eva Longoria

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Primeiramente...

"Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus. E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo.
Meu amor, amor de uma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca – e sempre a tua boca – comece de novo a nascer na minha boca. Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu."

Eugénio de Andrade

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sexta-feira, maio 12, 2006

Sim...

"Sim, o sonho!
Sim, a quimera!
Sim, a ilusão!
Sem os sonhos, sem as quimeras, sem as ilusões, a vida não tem sentido e não oferece interesse. A utopia é o principio de todo progresso. Sem as utopias de outrora, os homens viveriam ainda miseráveis e nus nas cavernas. Foram os utopistas que traçaram as linhas da primeira cidade... Dos sonhos generosos, nascem as realidades benéficas..."

Anatole France

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"I think of when she sleeps
struggling to stay awake when others have retired,
undoing her sheer gown without waiting to be urged,
resting on the pillow till caresses find her.
Fearful that the one by her side is watching,
she blushes under the candle glow."

in "Chinese love poetry", Shen Yue

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Mar e lua...

"Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheiae à beira-mar."

Chico Buarque de Hollanda

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quinta-feira, maio 11, 2006

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"O amor erótico, intenso e recíproco, o amor que envolve com a carne o mais refinado ser sexual do espírito, que revela e talvez mesmo crie ex nihilo o espírito como sexo, é um amor relativamente raro neste mundo incómodo."

Iris Murdoch

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Vaidade...

"Sonho que sou a poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!..."

Florbela Espanca

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Vanitas...

Vaidade, s.f., do latim vanitas:
1. qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória;
2. valorização que se atribui à própria aparência, ou a quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros;
3. avaliação muito lisonjeira que alguém tem de si mesmo; fatuidade, imodéstia, presunção, vanidade;
4. coisa insignificante, futilidade.

in Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

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The Arnolfini Marriage...

Jan Van Eyck

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Às vezes...

"Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!"

Alberto Caeiro

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Mentiras em tempo de groselhas...

"Que construção é mais sólida, se aguentou mais tempo.
E quantos mais aí moram, menos se a consegue abandonar.
Para onde. Anseia-se por uma casa de Verão sem um fogão e sem história.
Estou aqui porque estou aqui.
Esta noite estive acordada, fazia vento, chuvas fustigavam o castanheiro, enquanto já vinha o dia, a noite não tinha trazido paz. Eu sabia como eram as coisas, fui dormir e acordei numa manhã de silêncio, lívida de tristeza.
Não se pode continuar com lamúrias. As ameixas baqueiam podres das árvores, no frio quintal as cores envelhecem velozes. Experimentar tudo sem anestesia, pôr a postos as panelas e o açúcar, gerir os arquivos, guardar os cacos."

Anna Enquist

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Sabedoria Antiga...

"A tranquilidade, a segurança, enfim, todas essas citadas coisas só chegam quando todas as outras que as precedem se foram, ou a impossibilidade de as tomar (ou ter tomado) ocorre pela decrepitude do corpo e o cansaço do espírito; a dignidade é então um ponto que a vista alcança, uma reflexão que a adrenalina já permite, uma desculpa que faz bem."

Cícero

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Chá e Amor...


"- Não me olhes desse modo - pediu ela - Já não sou jovem...

Kikuji atirou-se a ela como se a quisesse morder.
Enfim - a onda inicial retornava, onda de desejo e ternura - e ele, por um tempo, adormeceu tranquilo. Depois, meio acordado, meio adormecido, ouviu o chilreio dos pássaros - e foi então tomado pela sensação de que as aves, pela primeira vez, o despertavam com o seu canto.
Uma neblina matinal humedecia as plantas na varanda. Kikuji sentiu que alguma coisa limpava os recantos da sua alma.
Assim se ficou sem pensar em mais nada...."

in "Chá e Amor", Yasunari Kawabata

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“O change thy thought, that I may change my mind;
Shall hate be fairer lodged than gentle love?
Be as thy presence is, gracious and kind;
Or to thyself at least kind-hearted prove,
Make thee another self for love of me,
That beauty still may live in thine or thee.”

William Shakespeare

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quarta-feira, maio 10, 2006

Se tu viesses ver-me...

"Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti..."

Florbela Espanca

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O Relógio...

"Os chineses vêem as horas pelos olhos dos gatos.
Certo dia, um missionário, passeando no distrito de Nanquim, notou que havia esquecido o relógio e perguntou as horas a um rapazinho.
Ao primeiro instante, o garoto do Celeste Império hesitou; depois, pensando melhor, respondeu:
-Vou dizer.
Decorridos alguns momentos, reaparecia, segurando nos braços um gato muito gordo; e, fitando o animal, como se usa dizer, no branco do olho, afirmou sem hesitação:
-Ainda não é exactamente meio-dia.
E era verdade.
Por mim, ao inclinar-me para a bela Felina, a de nome tão adequado, aquela que é ao mesmo tempo a honra do seu sexo, o orgulho do meu coração e o perfume do meu espírito, -quer de noite, quer de dia, em plena luz ou na sombra opaca, no fundo de seus olhos adoráveis vejo sempre, nitidamente, a hora, sempre a mesma, uma hora vasta, solene, grande como o espaço, sem divisões de minutos nem de segundos, uma hora imóvel que não é marcada nos relógios, e todavia leve como um suspiro, rápida como um olhar.
E, se algum importuno me viesse interromper enquanto o meu olhar repousa sobre este delicioso relógio, se algum Génio descortês e intolerante, algum Demónio do contratempo me viesse dizer :
-Que é que estás a mirar com tamanha atenção?
Que buscas nos olhos dessa criatura? Vês acaso neles a hora, mortal pródigo e vagabundo?"- eu responderia sem hesitar:
-Sim, vejo a hora: é a Eternidade.
Pois não é, senhora, que fiz um madrigal verdadeiramente meritório e tão cheio de ênfase quanto vós mesma?
Na verdade, tive tanto prazer em bordar esta preciosa galanteria que não vos pedirei nada em troca."

Charles Baudelaire

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Mulher ao espelho...

"Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
Já fui Margarida e Beatriz,
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira,
a moda, que vai me matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho."

Cecília Meireles

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Hoje acordei assim...

Jennifer Lopez

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terça-feira, maio 09, 2006

Oda al dia feliz...

"Esta vez dejadme
ser feliz,
nada ha pasado a nadie,
no estoy en parte alguna,
sucede solamente
que soy feliz
por los cuatro costados
del corazón, andando,
durmiendo o escribiendo.
Qué voy a hacerle, soy
feliz.
Soy más innumerable
que el pasto
en las praderas,
siento la piel como un árbol rugoso
y el agua abajo,
los pájaros arriba,
el mar como un anillo
en mi cintura,
hecha de pan y piedra la tierra
el aire canta como una guitarra.

Tú a mi lado en la arena
eres arena,
tú cantas y eres canto,
el mundo
es hoy mi alma,
canto y arena,
el mundo
es hoy tu boca,
dejadme
en tu boca y en la arena
ser feliz,
ser feliz porque si, porque respiro
y porque tú respiras,
ser feliz porque toco
tu rodilla
y es como si tocara
la piel azul del cielo
y su frescura.

Hoy dejadme
a mí solo
ser feliz,
con todos o sin todos,
ser feliz
con el pasto
y la arena,
ser feliz
con el aire y la tierra,
ser feliz,
contigo, con tu boca,
ser feliz."

Pablo Neruda

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Sacode as nuvens...

"Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar."

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Parabéns para mim...

09/Maio/1978

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segunda-feira, maio 08, 2006

Eu quero...

Birkin Bag by Hermés

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Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos...

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros.
O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."

Clarice Lispector

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O amor, quando se revela...

"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."

Fernando Pessoa

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Diário da tua ausência...

"Há discussões que, por mais violentas que sejam, sabemos que depois se dissipam como poeira e não deixam marcas. E há outras que mudam para sempre nossa vida.
Trocas de palavras que são como diagnósticos de graves doenças; o que fica por dizer é muito pior do que tudo o que se disse, mas há um medo tão grande de enfrentar a verdade que se deixa subentendido aquilo que é demasiado duro para ser dito."

in "Diário da tua ausência", Margarida Rebelo Pinto

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Landscape...

Alejandro Emilio Fernandez

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“Pensar é encher-se de tristeza e quando penso não em ti mas em tudo sofro
Dantes eu vivia só agora vivo rodeada de palavras que eu cultivo no meu jardim de penas
Eu sigo-as e elas seguem-me: são o exigente cortejo que me persegue
Em toda a parte oiço o seu imenso clamor"

Ana Hatherly

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5 minutos...

"Daqui a 5 minutos onde é que tu vais estar?
5 minutos chegam para o mundo acabar
5 minutos parado no vermelho, não há paciência
5 minutos vais dos insultos à violência

5 minutos mal parado e és logo multado
Faz diferença ficar 5 minutos deitado
5 minutos a discutir e já disseste tudo
Reprovas no exame por teres 5 minutos de estudo

5 minutos chegam para perderes o avião
5 minutos de atraso causam má impressão
Em 5 minutos, quantas bombas podem explodir?
Quantas crianças com frio, porque não tem o que vestir?

5 minutos à chuva podem acabar em gripe
Em 5 minutos vês o meu videoclip
Em 5 minutos vais de garanhão a desilusão
5 minutos chegam para saberes se gostas ou não

5 minutos num foguete e atravessas continentes
5 minutos a correr e ficas com as pernas dormentes
5 minutos aflito e podes fazê-lo nas cuecas
5 minutos de peões e deixam-te os pneus carecas

300 segundos a ferver e entorna-se o caldo
5 minutos para outra rede e acaba-se o saldo
Em 5 minutos, quantos bebés nascem no mundo?
5 miutos a entrar água e o barco vai ao fundo

5 minutos chegam para mudares de opinião
5 minutos sem ela já aperta o coração
Há 5 minutos atrás quanto tempo faltava?
Se não tivesses 5 minutos estes beat já não tocava

5 minutos no dentista, quanto é que ele te cobra?
5 minutos ouves esta música e ainda sobra
5 minutos às vezes custam tanto a passar
5 minutos chegam para muita coisa mudar"

Boss AC

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sábado, maio 06, 2006

Hoje sinto-me assim...

Jennifer Lopez
"Hoje podes deitar-te na minha cama
e contar-me mentiras - dizer, não sei,
que o amor tem a forma da minha mão
ou que os meus beijos são perguntas que
não queres que ninguém te faça senão

eu; que as flores bordadas na dobra do
meu lençol são de jardins perfeitos que
antes só existiam nos teus sonhos; e que
na curva dos meus braços as horas são
mais pequenas do que uma voz que no

escuro se apagasse. Hoje podes rasgar
cidades no mapa do meu corpo e
inventar que descobriste um continente
novo - uma pátria solar onde gostavas
de morrer e ter nascido. Eu não me

importo com nada do que me digas esta
noite: amo-te, e amar-te é reconhecer o
pólen excessivo das corolas, o seu vermelho
impossível. Mas amanhã, antes de partires,

não digas nada, não me beijes nas costas
do meu sono. Leva-me contigo para sempre
ou deixa-me dormir - eu não quero ser
apenas um nome deitado entre outros nomes."

Maria do Rosário Pedreira

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