quinta-feira, janeiro 31, 2008

La Familia de Felipe IV...

Diego Velazquez
Para quem não sabe, incluindo eu!, o verdadeiro nome do quadro conhecido por "As meninas", é "La familia de Filipe IV".

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Coração polar...

"Não sei bem de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus náufragos
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és."

in “Senhora das Tempestades” Manuel Alegre

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segunda-feira, janeiro 28, 2008

Hoje sinto-me assim...

Scarlet Johanson
vai tudo para Angola
até tu em breve, H...

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quarta-feira, janeiro 23, 2008

Cantante...

Miró

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Olhando o mar, sonho sem ter de quê...

"Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?"

Fernando Pessoa

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terça-feira, janeiro 22, 2008

Le plus beau du quartier...

"Regardez-moi
Je suis le plus beau du quartier
J'suis l'bien aimé
Dès qu'on me voit
On se sent tout comme envouté
Comme charmé, hum
Lorsque j'arrive
Les femmes elles me frôlent de leurs
Regards penchés
Bien malgré moi, hé
Je suis le plus beau du quartier, hum, hum, hum

Est-ce mon visage
Ma peau si finement grainée
Mon air suave
Est-ce mon allure
Est-ce la grâce anglo-saxonne
De ma cambrure
Est-ce mon sourire
Ou bien l'élégance distinguée
De mes cachemires
Quoi qu'il en soit
C'est moi le plus beau du quartier, hum, mais

Mais prenez garde à ma beauté
A mon exquise ambiguïté
Je suis le roi
Du désirable
Et je suis l'indéshabillable
Observez-moi, hum, hum, hum
Observez-moi de haut en bas
Vous n'en verrez pas deux comme ça
J'suis l'favori
Le bel ami
De toutes ces dames
Et d'leurs maris
Regardez-moi

Regardez-moi, hum, hum
Je suis le plus beau du quartier
J'suis l'préféré
Mes belles victimes
Voudraient se pendre à mes lacets
Ca les abîme
Les bons messieurs, eux
Voudraient tellement m'déshabiller
Ca les obstine
Bien malgré moi, oui bien malgré moi
Je suis le plus beau du quartier, mais

Mais prenez garde à ma beauté
A mon exquise ambiguïté
Je suis le roi
Du désirable
Et je suis l'indéshabillable
Observez-moi, hum, hum, hum
Observez-moi de haut en bas
Vous n'en verrez pas deux comme ça
J'suis l'favori
Le p'tit chéri
De toutes ces dames
Et d'leurs maris
Aussi, oui."

Carla Bruni

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segunda-feira, janeiro 21, 2008

Picasso...

Autor desconhecido

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...

"Ser contra um movimento é ainda fazer parte dele."

Pablo Picasso

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Ao espelho...

Há qualquer coisa de profundamente irresistível nos homens que nunca deixam de ter ar de rapazes que jogam à bola e vão a pé para o liceu. O olhar aceso de quem acabou de roubar chocolates da dispensa, o andar errático, os cabelos sempre despenteados, as mãos claras, direitas e sem marcas do tempo e o riso tímido como se fosse sempre a primeira vez. São meninos para sempre e podem viver para sempre no coração de uma mulher.
Tu és assim uma espécie de rapazinho capaz de grandes tropelias que esconde a idade atrás da candura que nunca perdeste, apesar de todas as marcas que foste herdando dos dias; a infância guardada numa caixa escondida debaixo da cama, a adolescência dos copos e das drogas leves, o teu melhor amigo que roubou a miúda de quem gostavas no Verão em que fizeste 18 anos, a primeira vez que andaste à pancada, o medo do outro ser mais forte e de se rirem de ti, a vontade de sair de casa e abraçar o mundo, e depois a solidão repartida entre as mulheres que desejaste e nunca tiveste e as outras, as que te incendiavam o corpo e te deixavam o coração em pedra porque nunca as amaste.
Depois cresceste, começaste a trabalhar, a usar fato e gravata quando era preciso e agora, todas as manhãs, ao espelho, perguntas à tua imagem quem és tu afinal, a viver numa cidade que não é tua nem de ninguém numa casa pequena demais para os teus sonhos que se dissolvem no vapor do duche da mesma forma que já perdeste uma ou duas mulheres que não soubeste ou quiseste amar da forma certa, aquela que faz com que as pessoas continuem juntas pela vida, como se tivessem sido separadas à nascença e um fio invisível as voltasse a unir para sempre. E perguntas à tua imagem onde vês um homem mais baixo, menos belo e menos inteligente do que na realidade és se essa mulher já passou pela tua distracção ou se a divina providência ainda ta pode trazer, vestida de Primavera com os cabelos compridos e um sorriso tão sem idade como o teu. Imaginas a sua chegada como se descesse de um baloiço suspenso das nuvens, as pernas compridas e os braços estendidos, o cheiro adocicado da pele clara, a boca a pedir atenção e o olhar a perguntar-te se a vais escolher, quando foi ela que já te escolheu e só te está a dar a ilusão que és tu que mandas nas tua vida.
Ao espelho, onde vês o reflexo entre o homem que és e aquele que gostarias de ser, respiras fundo e desejas que essa mulher chegue um dia, mas não demasiado cedo para te assustar nem demasiado tarde porque entretanto pode aparecer outra e tu vais deixar-te ir, convencido que é essa e não eu a mulher da tua vida.
O que tu não sabes, meu querubim cansado, é que do outro lado do espelho eu te vigio, como se fosse o teu avesso e te protejo, como se fosse o teu presente, e te desejo, como se pudesse ser o teu futuro.
Mas é ainda demasiado cedo, é ainda tempo de guardar no silêncio dos dias a vontade de te querer. É ainda de manhã e tu estás atrasado para o trabalho e eu estou adiantada na tua vida, por isso respiro fundo do outro lado da tua imagem e espero, sentada no baloiço, lá mesmo em cima, para que não me vejas, que um dia dês o salto para o outro lado da tua vida e sejas quem sempre sonhaste para que te vejas ao espelho como eu já te vejo, como tu és.

Margarida Rebelo Pinto

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Portrait de Juliette Courbet comme une enfant...

Gustave Courbet

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Feliz Natal!...

Eu sei, eu sei... já se passaram 27 dias do Natal e só hoje é que aqui estou para desejar Feliz Natal... mas não há uma máxima que diz que "O Natal é quando uma mulher quer?"

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