quarta-feira, agosto 29, 2007

A alma do momento...

"Que emprego dou às energias da minha alma neste instante?
Pôr-me esta questão a cada momento, sondar que preocupação se instaura agora nessa parte de mim que avessa nome de guia interior e de quem me chega a alma que tenho agora.
Alma de criança?
De adolescente?
De mulheruca?
De algum tirano?
De besta de carga?
De besta-fera?"

in "Pensamentos", Marco Aurélio

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segunda-feira, agosto 27, 2007

Spirali...

Roberto Crippa

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domingo, agosto 26, 2007

Hoje sinto-me assim...

Lindsay Lohan
"Ainda somos o que vamos deixar de ser e já somos o que seremos."
Paul Eugéne Charbonneau

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Não há deusas...

"A minha deusa é alta, esguia e infinita. Tudo nela é grande e ao mesmo tempo perfeito, do tamanho dos olhos ao do coração. Possui uma cintura de vespa e um cabelo farto e despenteado, como tão bem lhe compete e melhor lhe assenta. Como todas as deusas, parece eternamente jovem e reina sobre tudo o que a rodeia sem sequer dar por isso. A minha casa e os nossos filhos respiram o oxigénio dela, um ar puro e adocicado como se dos belos dentes brancos se libertasse um hálito divino e dos olhos imensos caíssem fios de mel que suavizam todos os gestos. A voz é grave, serena e quente, própria dos seres que não são bem deste mundo. Nos dedos imensos e nas mãos grandes adormecem os filhos e o meu coração acalma-se, as cores descansam e às vezes a terra suspende a rotação.
A minha deusa é ainda mais bela por não saber que é uma deusa. Não sabe que todos os dias faz milagres na sua máquina de cozinha, não sabe o jeito que tem para ser mãe, não mede a generosidade com que trata os amigos e os filhos dos outros, não sonha o quanto as pessoas que gostam e precisam dela. Mas há deusas assim, que passam pela vida sem adivinhar o que são, como se fossem iguais às outras mulheres e que encolhem os ombros perante os seus defeitos, numa discrição congénita, quase tímida, quase infantil, desconhecendo o imenso poder que emanam.
A minha deusa é minha e leva dentro dela metade de mim. Quando o nosso filho nascer vou ver-me nele e agradecer-lhe para sempre. Será sempre bela na forma pura como se comove com a tristeza dos outros. Tem pena de ter só dois braços porque sabe que neles não cabe o mundo. Mas caibo lá eu, os meus e os nossos filhos, os pais e irmãos dela e as amigas, uma que ajudou a salvar e a outra que a faz rir e lhe escreve páginas de jornal. Sem saber o que a faz levitar, circula pela casa como uma pássaro e o seu sangue corre nas minhas artérias. Não preciso de rezas nem de altar para a minha deusa, porque se senta todos os dias comigo à mesa e dormimos na mesma cama.
Quero tê-la ao meu lado para sempre, porque sei que nunca vai envelhecer, nunca me vai trair, nunca se vai esquecer de quem gosta dela e nunca vai deixar de ser a melhor cozinheira e a melhor mãe do mundo. E quando os nossos filhos crescerem, quero viajar com ela pelo mundo inteiro e casar muito depressa, num ilha escondida onde só os nossos melhores amigos se vão juntar para a grande festa.
Os homens são como os deuses, nascem e morrem nos braços de uma mulher e eu quero ficar com ela e ver o mundo mudar à volta dela enquanto o tempo passa sem lhe tocar, porque os deuses são eternos e mesmo que um dia tudo acabe, sei que tive a maior sorte do mundo, porque vivi na terra com uma deusa e poucos mortais têm tão rara e melhor sorte."

Margarida Rebelo Pinto

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domingo, agosto 12, 2007

Hoje sinto-me assim...

Monica Bellucci
Saudades...

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sexta-feira, agosto 10, 2007

Adivinhar...

Adivinhar... Adivinhar...
Qual é a coisa primeira
que se faz ao acordar?...

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quarta-feira, agosto 08, 2007

The ship...

Salvador Dali

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...

"Demasiada maquilhagem e muito pouca roupa para vestir é sempre um sinal de desespero para a mulher."

Oscar Wilde

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sábado, agosto 04, 2007

Eu não digo que eu tenha muito...

"Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta.
Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós mesmos e a isto considerado vitória nossa de cada dia.
Não temos amado acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não se entende por que não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois este seria o começo de uma vida larga, e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme, e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é a angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isto nunca falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isto consideramos a vitória nossa de cada dia."

in "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres", Clarice Lispector

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sexta-feira, agosto 03, 2007

Eternamente agora...

"Tive o ímpeto de declarar
Com tenuidade
Mas me contive.
Nem tudo pode ser declarado…
Mesmo que camuflado entre as palavras.
Ele que me desvende.
Me descubra.
Me cubra.
Desvende todas minhas ruas
Enquanto tem acesso a elas…
Ele que tente.
Olhe através do véu.
Sinta minha essência.
Que me leve ao céu.
Perdoe a indecência.
Reconheça a inocência.
Descubra minhas mulheres…
O quão podem ser reles.
Que olhe meus cantos…
Pergunte dos meus sonhos.
Dos meus desejos reprimidos…
E pra que cada comprimido.
Porque choro escondido…
Que ele se aprofunde em mim.
Que ele me ame mesmo assim.
Que me queira de qualquer forma
E que sossegue comigo
Eternamente agora."

Pablo Neruda

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Wish...

Iman Maleki

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